Zeca Milléo

Em setembro de 2013 o gaúcho Vinicius “Tchê” Ferreira começou a pesquisa que resultaria no documentário “Uma Fina Camada de Gelo”, um recorte sobre a cena da música autoral produzida em Curitiba. A empreitada se completa agora, no dia 22 de julho, quando a Cinemateca de Curitiba recebe as primeiras sessões gratuitas de lançamento do trabalho.

Serão duas sessões, às 15h e as 16h15, seguidas de um bate papo com a participação do diretor do filme, do produtor executivo, Fabiano Neves, do músico Theo Ruiz e do escritor Eduardo Mercer, com mediação da jornalista Adriane Perin.

O documentário faz parte de um projeto maior, homônimo, cujo lançamento aconteceu em outubro de 2017, com o livro de Eduardo Mercer “Uma Fina Camada de Gelo: O rock Autoral e a Alma Arredia de Curitiba”.

Trazendo um ‘olhar estrangeiro’ à cena, Vinicius conta que foi descobrindo uma história e personagens conforme fez as entrevistas. O objetivo inicial de falar sobre a música autoral dos anos 80 e 90 não seria alcançado da melhor forma sem um olhar para os anos 70 que deram origem a bandas importantes como Blindagem, A Chave e Beijo AA Força. “Com isso fui sentindo uns pontos narrativos para a história”, aponta ele, citando algumas perguntas que perpassam o roteiro. O eterno questionamento sobre “o que é fazer sucesso”, como o encaram os que conseguiram alcançar um ponto mais alto e o que dizem aqueles que conquistaram espaço dentro de um nicho particular, além da questão de como manter-se financeiramente trabalhando exclusivamente como músico.

 “O Sr. Banana, por exemplo, um dia era underground, noutro tava na Xuxa e depois tava de volta ao anonimato. Ou o Psychobilly e o hardcore que se firmaram, a partir de Curitiba, como referências nacional e internacional, em casos como as bandas Resist Control e Os Catalépticos”, cita o diretor, que conversou com artistas, produtores e jornalistas e destaca o  acervo do Musin (Museu da Música Independente), mantido pelo pesquisador Manoel Neto e pelo jornalista Rodrigo Juste Duarte.

Vinicius diz que o documentário se aproxima da atualidade, também, devido a um fato histórico importante que foi a chegada da internet. Na avaliação do diretor Curitiba se deu bem nessa. “Porque tudo que era feito da forma punk do faça você mesmo nos anos 70, 80 e 90 ganhou fôlego e facilitou para que as novas gerações administrassem suas escolhas e agendas sem a tutela de uma gravadora. A experiência das gerações anteriores, então, vira bagagem para a geração 2000, com o reforço de toda tecnologia que surgiu”, observa. O recorte inicial do filme, portanto, acabou sendo esticado mais uma vez para ‘encostar’ no hoje. “Não queria fazer um filme deprê. Achei por bem falar deste momento em que a tecnologia ajuda a fazer a diferença, usando inclusive o aprendizado das gerações anteriores”, pondera.

Para o produtor executivo do projeto, o advogado e músico Fabiano Neves todo resgate histórico é importante para o fortalecimento de um movimento cultural musical e é isso que Curitiba precisa. “Espero que o projeto Uma Fina Camada de Gelo gere a reflexão de que ser músico é tão difícil quanto qualquer outra profissão. Necessita estudo, trabalho, perseverança, empreendedorismo e vocação… nada mais nada menos que qualquer outra atividade profissional”, pontua.

Serviço:

Estreia do documentário Uma Fina Camada de Gelo, de Vinicius Ferreira.

Dia 22/7, às 15h e 16h15.

Cinemateca de Curitiba (R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174)

Entrada franca

Informações e confirmação de presença: https://www.facebook.com/FinaCamada/

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