WÁLTER NUNES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) apontou a política de preços da Petrobras como a responsável pela crise provocada pela greve dos caminhoneiros. “A política de preços do Pedro Parente e do Michel Temer é uma fraude que fez uma nação inteira de refém, a economia inteira de refém, para beneficiar meia dúzia de acionistas minoritários”, disse Ciro.

Ele também criticou o acordo feito com os caminhoneiros para por fim à greve e que não foi cumprido pela categoria. “O acordo que o governo fez aperfeiçoa essa fraude na medida em que espera nas costas do povo pela renúncia fiscal incabível numa hora difícil como esta com uma solução que não resolve nada.” 

Ciro diz que estatal deve mudar a política de preços. “Porque a essência do problema é você trazer câmbio e custo de Roterdã para a estrutura de formação de preços no Brasil. Quando a única razão mais relevante para os valores estratégicos da institucionalização da Petrobras é imunizar o Brasil dos ciclos eternos de especulação do petróleo no mundo”, diz.

“Abre uma guerra e explode o (preço) petróleo, o Brasil pode perfeitamente ter uma política, aí sim, isto é mercado: custos da Petrobras, mais remuneração do seu imobilizado, mais o lucro em linha com seus competidores.”

O pré-candidato falou sobre a permanência de Parente no cargo. “Ele (Pedro Parente) nunca deveria ter entrado. Mas quem nunca deveria ter entrado são os golpistas. E ele faz parte, é um sintoma desse golpe todo.”

Sobre a decisão de Temer de usar as Forças Armadas para dar fim aos protestos, Ciro diz ser outro equívoco.

“É tudo errado. O governo não poderia praticar esta política de preços, que é o que importa. E os caminhoneiros também não podem impor ao Brasil que um subsídio transitório ou absolutamente precário ao diesel seja espetado na conta de quem precisa de educação pública e saúde pública que é o que foi feito no Palácio do Planalto. É um estado de caos, de anarquia. Vejo tudo isso com muita preocupação”, diz.

“Diante da greve a única coisa que se tem pra fazer é negociar. Agora negociar é demitir o Pedro Parente e fazer uma política de preços séria”, declarou.

Ciro falou sobre sua política de preços para a Petrobras num futuro governo. “A minha política é você ter uma matriz de custos absolutamente profissional com elemento de remuneração do imobilizado para amortizar o investimento e o lucro em linha, que isso é o razoável para qualquer acionista. E quem não quiser, no meu governo, eu compro as ações. Quem quiser vender o Brasil quer comprar.”

O pré-candidato participou de um evento do Instituto para Desenvolvimento para o Varejo, em São Paulo. Ele falou para uma plateia de empresários do setor. O evento foi fechado aos jornalistas que só tiveram acesso ao político no final do debate.