SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira atingiu 1.046.244 investidores pessoas físicas em abril. O número, anunciado pela B3 nesta quinta-feira (9), não reflete a quantidade exata de brasileiros que recorre ao mercado acionário.


Segundo a companhia, aproximadamente 5% dos CPFs aparecem mais de uma vez no cálculo. Isso porque cada investidor pode ter conta em mais de uma corretora. Tirando os cadastros duplicados, são 993.932 pessoas físicas na Bolsa.


O Tesouro Direto também superou a marca de 1 milhão, com 1.006.547 investidores no mês. Neste caso, os CPFs duplicados são descartados.


Os números seguem o otimismo do brasileiro. Em março, o Ibovespa, maior índice acionário do país, chegou a alcançar 100 mil pontos ao longo do dia, mas encerrou pouco abaixo, com 99.993 pontos.


“Temos um contexto que favorece o aumento da participação dos investidores, com inflação estável, juro baixo e uma expectativa de queda da Selic no segundo semestre com a aprovação da reforma da Previdência. Além disso, as corretoras facilitaram o acesso para pessoas físicas.”, afirma Rafael Passos, analista da Guide.


No ano, porém, o saldo de investimento estrangeiro na B3 é negativo em R$ 624 milhões. Segundo especialistas, a entrada deve vir após a aprovação da reforma da Previdência.


Atualmente, os estrangeiros somam 46,3% do volume negociado. Brasileiros pessoas físicas têm 18,3% e jurídicas, 30%. Dentre as pessoas físicas, o volume tem grande variação conforme o aporte investido. A maioria dos brasileiros -40% do total- coloca até R$ 10 mil na Bolsa.


Eles somam R$ 1 bilhão do estoque da B3, menos de 1% do total alocado em Bolsa, que equivale a R$ 220 bilhões.


Para William Eid Jr, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), a diversificação nos investimentos e escolha pela Bolsa está na alta do índice nos últimos anos.


“A pessoa vê o cunhado ganhando com ações e decide investir também, mas não sabe elaborar uma estratégia de investimento, avaliar o que comprar. Se a Bolsa cair, ele sai correndo.”


O Ibovespa acumula altas expressivas. Em 2018 foram 15%. Em 2017, 26,86%. Em 2016, 39%. Até abril deste ano, são 9,76% de ganhos.


Ao ser questionado sobre a meta divulgada em 2014 de 5 milhões de investidores até 2018, Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes Brasil da B3, afirmou que a Bolsa não terá mais com projeções.


“Na época, o cenário macroeconômico era muito diferente, com a expectativa de crescimento econômico diferente.”, disse Paiva.


Para o Tesouro Direto, a expectativa é ultrapassar a meta de 1,350 milhão de investidores até o final do ano.


DIA NEGATIVO


Nesta quinta, o Ibovespa fechou em queda de 0,83%, a 94.807 pontos, com giro financeiro de R$ 13,350 bilhões, em linha com o mercado externo, que acompanha com apreensão as negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China.


O recuou da Bolsa brasileira ainda foi influenciado pelos resultados divulgados pelo IBGE sobre o varejo, que cresceu 0,3% em março em relação ao mês anterior, frustrando expectativas do mercado. Na relação com março de 2018, o setor apresentou queda de 4,5% -a projeção era de baixa de 2,4%.


O dólar comercial acompanhou o viés negativo e subiu 0,48%, a R$ 3,9540.