NICOLA PAMPLONA E ANA LUIZA ALBUQUERQUE

RIO DE JANEIRO, RJ, E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – No ano em que preço do gás de cozinha teve alta histórica, 1,2 milhão de domicílios brasileiros passaram a usar também lenha e carvão como alternativa para cozinhar, aponta pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2017, 12,3 milhões de domicílios usaram lenha ou carvão como combustível para cocção, crescimento de 11% com relação aos 11,1 milhões verificados no ano anterior.

Em junho de 2017, a Petrobras alterou sua política de preços do gás de cozinha e passou a acompanhar mais de perto as cotações internacionais do produto.

Para o consumidor, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o botijão de gás teve aumento de 16,4% no ano, já descontando a inflação. Foi o maior desde 2002.

Houve maior disseminação do uso de lenha ou carvão em todas as regiões, com destaque para o Norte (alta de 16%) e Sudeste (13%). Entre as capitais, a maior alta se deu em Curitiba, onde o número de domicílios onde lenha ou carvão foram usados para cocção quase triplicou, saltando de 18 mil para 51 mil.

A auxiliar de limpeza Rose Pessoa, 59, foi um dos curitibanos que deixou o gás de lado. Há cerca de dois anos, a moradora do bairro de Sítio Cercado, na zona sul da cidade, decidiu começar a usar lenha para cozinhar. Ela diz que recolhe pedaços de madeira descartados por trabalhadores da construção civil.

Rose conta que pagou R$ 65 na última vez em que comprou gás. Como precisou parar de trabalhar por problemas de saúde, teve que apertar o orçamento. "Achei que estava muito caro, uma pessoa de baixa renda não tem como comprar", reclama.

MORADIA

A pesquisa detectou também que, com a crise, um número maior de brasileiros passou em 2017 a viver em imóveis cedidos por terceiros. Segundo o IBGE, 6,07 milhões de domicílios estavam cedidos a outras pessoas no país, 7% a mais do que em 2016.

Essa categoria inclui imóveis emprestados de parentes e amigos ou cedidos por empregadores, como os imóveis funcionais para servidores.

No ano, houve queda de 4,5% no total de domicílios onde o morador é proprietário e as prestações não foram quitadas, em uma indicação de que o brasileiro teve dificuldade para pagar as parcelas. Essas pessoas podem ter se mudado a imóveis cedidos ou alugado outros mais baratos.

INTERNET

A pesquisa identificou ainda que o número de residências com acesso à internet cresceu 11,7% no ano. Ainda assim, quase de 30% dos 69,7 milhões de domicílios brasileiros ainda não estão conectados.

Com queda nas vendas há três anos, os tablets foram ultrapassados pelas TVs como meio de acesso à internet nos domicílios brasileiros. O acesso por microcomputador também perdeu espaço.

Em 2017, 10,6% dos domicílios acessaram a internet pela TV, contra 10,5% no caso de tablets. Para o instituto, o aumento dos serviços de streaming, como o Netflix, pode ser uma hipótese para a alta.