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SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Que os companheiros se aproximem de Messi. Que outros jogadores deem opções a Messi. Que Messi fique próximo ao gol, onde é o melhor jogador do mundo. Que a Argentina saiba jogar com Messi.

Desde 2010, este tem sido discurso de todos os técnicos da seleção argentina. Sem exceção. Foi repetido por Lionel Scaloni na véspera da estreia da Copa América. Como já se tornou rotina, a equipe deixou a desejar e foi derrotada neste sábado (15) por 2 a 0 por uma Colômbia muito mais organizada e consciente em campo. 

Dede 1979 a seleção argentina não estreava no torneio continental com derrota. Naquela ocasião perdeu para Bolívia por 2 a 1.

Os gols foram marcados Roger Martínez, aos 26 min, e Zapata aos 41 min do segundo tempo. Os dois jogadores entraram como substitutos durante a partida.

Especialmente no primeiro tempo, Messi não sabia qual era a sua função. Parecia fotocópia do atacante da Copa do Mundo na Rússia, no ano passado. Tentou jogar aberto pela direita. Depois flutuou por trás dos volantes adversários e, no maior sinal de que sua seleção não sabia jogar com ele, voltava ao campo de defesa para buscar a bola.

Não foi um grande jogo e o clima na Fonte Nova em nada parecia com o da Copa do Mundo de 2014, a última competição de seleções que teve jogos no estádio. A quantidade de argentinos na arena nem de longe lembrou os 20 mil que acompanharam a seleção na Rússia, em 2018. Os colombianos eram maioria, ajudados pelos brasileiros que estavam mais preocupados em gritar que “mil gols só o Pelé” do que em assistir ao jogo.

À exceção do período em que Alejandro Sabella levou a Argentina à final do Mundial de 2014, a geração de Messi na seleção padece sempre dos mesmos problemas. Pouco importa que jogadores históricos, como Mascherano, Biglia e Higuaín não estejam mais na equipe.

A Colômbia soube explorar a sempre evidente deficiência de marcação do adversário pelas laterais.

Pela direita, Cuadrado e depois Martínez conseguiram chegar várias vezes à linha de fundo. Ao contrário da Argentina, a equipe do português Carlos Queiroz (recém-chegado, assim como Lionel Scaloni), tem um centroavante que prende e preocupa zagueiros. Falcao Garcia não fez gols, mas cumpriu sua função tática e saiu de campo, substituído, quando a maioria colombiana-brasileira no estádio já ensaiava gritos de “olé” a cada troca de passes.

A Argentina tinha Aguero como referência na frente. Um atacante mortal pelo Manchester City (ING), mas que chega ao ápice em uma máquina bem azeitada como é o time de Guardiola. A Argentina passou parte significativa do jogo tentando cruzar bolas para o atacante de 1,73m. Antes da partida, Scaloni havia dito que para ganhar disputas pelo alto. Yerri Mina, 1,95 m, deve ter se divertido com isso. Mais alto que Aguero, venceu todas.

A Colômbia dominou o primeiro tempo e só não foi para o intervalo em vantagem porque Martínez desperdiçou boa oportunidade. Parecia que a Argentina escaparia ilesa porque Scaloni conseguiu mudar a forma de jogar de seu time no intervalo. Isso graças à entrada do meia Rodrigo De Paul, 25, no lugar de Di María. O ponta fez a seleção subir de rendimento e Messi foi junto. O camisa 10 teve uma grande chance para marcar, mas a desperdiçou.

A entrada do armador da Udinese (ITA) quase fez as redes sociais de torcedores argentinos explodirem. Surgiu a piada que em cinco minutos com a camisa albiceleste, De Paul fez mais que Di María nos últimos cinco anos.

Como a piada pode ter fundo de verdade, o atacante do PSG fez muito pouco pela sua seleção desde o gol que classificou a Argentina contra a Suíça, nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014.

Sem um jogador para ser referência na área e que pudesse fazer pivô para Messi e com nenhum meia de criação, a equipe começou a arriscar cobranças de falta de muito longe. Era excesso de confiança do camisa 10 acreditar que superaria Ospina assim.

Com o adversário confiante, a Colômbia esperou o momento para dar o bote. Espaços haviam, apesar de Scaloni dizer (como seus antecessores) que era importante construir a equipe a partir da zaga. Em duas jogadas pela esquerda, Martínez e Zapata marcaram.

​Na próxima quarta (18), a Argentina enfrenta o Paraguai, no Mineirão. No mesmo dia, a Colômbia joga contra o Catar, no Morumbi.

ARGENTINA

Armani, Saravia, Otamendi, Pezzella e Tagliafico; Guido Rodriguez (Pizarro 21’/2ºT) e Paredes; Lo Celso, Messi e Di Maria (De Paul 2’/2ºT); Agüero (Matías Suárez 33’/2T).

T.: Lionel Scaloni

COLÔMBIA

Ospina, Medina, Sánchez, Mina e Tesillo; Cuadrado (Lerma 18’/2ºT), Barrios e Uribe; James Rodriguez, Falcao Garcia (Duván Zapata 35’/2ºT) e Muriel (Roger Martínez 13’/1ºT).

T.: Carlos Queiroz

Árbitro: Roberto Tobar (CHI) – Nota LANCE!: 5,0 (deixou o jogo perigoso ao não marcar muitas faltas claras, o que poderia ter controlado mais os atletas em campo)

Auxiliares: Christian Schiemann (CHI) e Claudio Rios (CHI)

Árbitro de vídeo: Julio Bascuñan (CHI)

Público/renda: 34.950 pagantes/R$ 9.259.710,00

Cartões amarelos: Guido Rodríguez, Saraiva, Paredes (ARG) e Falcao Garcia, Cuadrado, Duván Zapata, Lerma (COL)

GOLS: Roger Martínez (COL), aos 25 minutos do segundo tempo, e Duván Zapata (COL), aos 40 minutos do segundo tempo