DANILO LAVIERI E LEANDRO MIRANDA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Prestes a começar o primeiro período decisivo da temporada, o mata-mata do Campeonato Paulista, o Palmeiras se encontra em uma situação bem semelhante à que viveu em vários momentos do ano passado: tentando fugir da alcunha de favorito.
Vindo de boas apresentações e sob pressão constante da torcida, que não comemorou nenhuma taça em 2017, o clube tem buscado amenizar a ansiedade externa e passar a mensagem de que não está acima dos concorrentes.
Após fazer a melhor campanha da primeira fase do Paulistão, o técnico Roger Machado admitiu que o time tem se mostrado mais consistente que os rivais, mas logo em seguida declarou que favoritismo não entra em campo.
Já após a vitória sobre o São Paulo, que foi a melhor apresentação palmeirense no ano, o treinador exaltou a aplicação e o espírito de Libertadores do time, ressaltando que a técnica, sozinha, não é suficiente para vencer.
O tamanho da pressão para que o Palmeiras ganhe títulos neste ano pôde ser visto após as recentes derrotas para Corinthians e São Caetano. O revés por 2 a 0 no dérbi, primeiro tropeço da temporada, despertou questionamentos sobre a postura dos atletas em campo, enquanto a derrota por 1 a 0 para o time do ABC, mesmo com uma equipe totalmente reserva, foi motivo de vaias pesadas no Allianz Parque. Nem mesmo a boa campanha geral e a estreia na Libertadores com vitória por 3 a 0 fora de casa, que aconteceu entre essas duas partidas, impediram a insatisfação.
O Palmeiras está longe de ser o único clube do Brasil que tenta escapar do rótulo de favorito —praticamente qualquer equipe, ao ser questionada sobre o tema, evita chamar para si essa responsabilidade. Mas o time alviverde pode ser considerado um caso à parte por dois fatores principais.
O primeiro é o investimento financeiro muito acima dos rivais. No ano passado, turbinado pela patrocinadora Crefisa, o clube gastou pesado para trazer jogadores como Borja (R$ 33 milhões) e Guerra (R$ 11 milhões), enquanto para 2018 desembolsou R$ 23,4 milhões para contratar Gustavo Scarpa, por exemplo. Outros atletas de luxo que chegaram foram Felipe Melo e Lucas Lima. Com um elenco assim, a cobrança por títulos cresce, especialmente no que diz respeito à Libertadores, abertamente o objetivo principal.
Em segundo lugar, está a mudança de discurso do clube desde o fim da temporada passada. Se no ano passado Felipe Melo falou em “ganhar tudo” e “fazer história” ao ser apresentado, desta vez jogadores e diretoria adotam a linha “pé no chão”. O excesso de pressão por conquistas, tanto interna quanto externa, foi diagnosticado como um dos principais problemas de 2017.
O melhor time do Paulistão até agora abre as quartas de final no próximo final de semana, contra o Novorizontino, fora de casa. O desafio de Roger é manter a concentração do elenco e tentar fazer o time repetir a atitude das últimas duas vitórias, contra São Paulo e Ituano. Como ele mesmo disse após o último triunfo, o sarrafo do Palmeiras subiu.