Mikoto

Um grande player do mercado digital disse logo na entrada oficial da Era Tecnológica (leia-se, pandemia): “se você está na internet e não está ganhando dinheiro, então você é um consumidor”. A constatação em tom profético e mega atual, é o catálogo do dia a dia de nossas vidas. E você ainda acha que está nas redes sociais por puro entretenimento? 

Vamos aos números de março de 2021 extraídos do portal Tudo Celular. Na média mundial, um cidadão comum passa cerca de 145 minutos por dia em redes sociais; no Brasil a média é de três horas. Aqui o Facebook ainda é a rede mais visitada com 51%, seguida do Instagram com 14%. As mulheres são 58% mais ativas nesses 99 milhões de usuários que navegam entre curtidas, salvamentos, comentários, mensagens privadas e tempo dedicado.

Percebam a soma das duas observações acima: se você não produz conteúdo, então consome e aí a designação de usuário, semelhante ao termo como são chamadas pessoas dependentes de algum vício, seja químico, físico ou emocional.

Comparação – O efeito do uso da rede social sem moderação segue o mesmo princípio de qualquer hábito nocivo: a perda de percepção de si e a dependência. Amigos, profissionais do Marketing Digital, pacientes e alguns adolescentes têm manifestado sua preocupação com o uso excessivo das redes, muito em função dos efeitos do isolamento social dos últimos tempos em razão da pandemia. Os jovens são o alvo mais fácil, pois estão em maturação de sua personalidade. A queixa dos pais de adolescentes é sobre o “efeito bolha”, quando seus filhos  manifestam preocupação em não saber mais se socializar de forma presencial, pelo excesso de comunicação virtual, aulas on-line e uma vida baseada em mensagens de texto. Esse vácuo nas relações interpessoais ainda não pode ser mensurado, mas o crescimento de sintomas de depressão é assustador nessa faixa etária.

Com as redes sociais se tornando o fomento de todos os mercados e conteúdo orgânico ser quase uma perfumaria, o padrão desse consumo digital é um verdadeiro feirão ao modo “seus problemas acabaram”. Se antes a publicidade era o vilão de provocar um desejo desnecessário, as redes sociais amplificaram o ideal para qualquer um.

De repente, todo mundo fica interessante com filtros, as postagens engraçadas e engajadas com dancinhas, os relacionamentos interessantes no #diadonãoseioque, o passeio mais interessante com fundo musical da playlist mais explorada, o seu vídeo passa a ter um tom profissional, a maquiagem da fulana é perfeita, também quero, a comida diferente, a bebida interessante, o padrão que nasce apenas da mesma fonte: quem vende e quem compra.

Não quero demonizar e muito menos crucificar as redes sociais, uso e abuso e às vezes percebo que sou explorada. Essa consciência não está ao alcance de todos. Cada vez mais as pessoas rolam o feed para se identificar com alguém “real”. O caso não é de superexposição da vida do lado ruim, mas uma edição da vida como ela é.

Disso tudo, nasce o sentimento de frustração diante de tantos amigos (conhecidos de fato) e outros virtuais, com uma vida tão bem resolvida. O cardápio de posts oferece um corpo bacana, relacionamentos tão próximos e felizes (diferente da solidão cascuda dos dias e noites), condições financeiras perfeitas e aos olhos das pessoas suscetíveis a esse consumo da vida alheia, adoecem suas emoções, ao comparar a realidade com o filtro, e nasce a necessidade da arroba de se mostrar feliz diante do seu dia procrastinado.

Vou apresentar aqui três simples dicas que são meus hábitos desde fevereiro deste ano, para usar a rede quando eu quero, e assim, me sentir mais leve nessa relação necessária:

–         Desativei todas as notificações das redes sociais;

–         Horário limite para uso de aplicativos de mensagens, salvo raríssimos casos (família);

–         Uma hora antes de dormir, o celular dorme antes.

Convido você para experimentar ao menos uma dessas dicas. Depois me conte qual o reflexo dessa ação para sua saúde emocional e uma ligação mais sadia com as redes sociais.

 

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*Ronise Vilela é criativa de Comunicação Afetiva e Psicanalista Integrativa. Atende pacientes on-line e presencial com terapia que inclui escuta ativa, respiração consciente, escrita afetiva e meditação fácil.

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