Quando fui convidada a fazer a coluna no Bem Paraná e escolhi falar de Etiqueta Profissional, pensei: vai ser fácil, afinal, já escrevi um livro sobre este tema e sei que não faltam assuntos. Que nada! A cada semana, quebro a cabeça pensando em um novo tema e tentando fugir do comum, da imposição de regras e de ensinamentos duros que não cabem nos dias de hoje.

Há alguns meses, tive a ideia de postar partes do meu próprio livro, já que ele é formado de artigos que, há alguns anos, eram publicados mensalmente em uma revista. Mas aí veio a surpresa: muitos e muitos textos que busco lá contêm orientações e dicas que não combinam mais com minha forma de pensar. Não que antes eu fosse conservadora e hoje seja muito moderna: nem uma coisa, nem outra. Sempre me considerei libertária e aberta a novas ideias e comportamentos, mas nunca um exemplo de vanguarda ou livre de todas as regras da boa convivência.

Ocorre que várias vezes me deparei com coisas que escrevi e com as quais não concordo mais. Por exemplo: eu sempre orientava as pessoas que queriam fazer tatuagens que deveriam ter cautela, pois poderiam enfrentar problemas para conseguir empregos ou ter respeito nos ambientes profissionais. O melhor seria optar por tatuagens discretas, que pudessem ser escondidas caso fosse necessário. Hoje em dia, penso diferente: Pode ser que a pessoa venha mesmo a enfrentar preconceitos, mas acredito que ela também não queira estar com pessoas que não respeitem sua expressão. Ainda mais do que isso: Antes eu dizia que, ao usar tatuagem, talvez a pessoa tivesse que provar, mais do que os outros, ser muito competente e talentosa para que gestores e chefes começassem a enxergar e respeitar sua competência. Hoje eu vejo que essas pessoas demonstram sua competência com naturalidade, muitas vezes sem ter que provar nada pra ninguém. E, além disso, a sociedade está muito mais tolerante e vendo as tatuagens com mais simpatia – finalmente!

Outro tema em que me pego discordando do que já pensei é em relação ao vestuário feminino. Não é exatamente uma discordância, mas antes eu dizia que a mulher deveria evitar roupas e acessórios que sensualizassem sua aparência, pois isso poderia destoar dos ambientes profissionais e arranhar sua imagem. Hoje eu penso que quem deve mudar é a sociedade, pois percebo que a imposição de regras e proibições alimenta o pensamento machista ainda tão dominante.

Mas há pelo menos uma coisa que eu já defendia e continuo defendendo fortemente: a etiqueta deve existir para aproximar as pessoas, jamais para afastá-las. E isso, na minha opinião, vale não apenas para a chamada Etiqueta Profissional, mas para todas as regras (tácitas ou explícitas) de convivência, seja na etiqueta social ou até na ‘netiqueta’ (dicas de como devemos utilizar as novas tecnologias). Se minhas roupas, minhas palavras ou meus gestos sugerirem que sou melhor ou pior do que alguém, eles serão desagregadores. Mas se as dicas e orientações servirem para proporcionar maior harmonia entre as pessoas, estarão promovendo a aproximação. Tim-tim!