O ambiente machista do futebol profissional aos poucos vai abrindo espaços para a presença feminina. Se o Bayern de Munique apresentou Kathleen Krüger como a organizadora do time que domina o futebol europeu na atualidade, o Goiás tem Renata Borelli Capucci, responsável pela orientação e segurança dos 40 garotos das categorias de base da Casa do Atleta.

“Em certos acontecimentos existe sim o machismo no futebol. Mas estou há oito anos no clube. No início, eu me sentia um pouco isolada, mas com o trabalho desenvolvido, consegui meu espaço e até fui convidada para ser a coordenadora da Casa do Atleta”, disse a assistente social, de 57 anos. “Hoje a equipe multidisciplinar (pedagoga, psicóloga e nutricionista) é toda formada por mulheres.”

Se Kathleen Krüger, coordena viagens, treinos, dietas e foi encarregada de que nada faltasse na casa dos jogadores do Bayern no período de quarentena, os garotos que chegam ao Goiás e ficam no clube recebem toda a orientação por parte de Renata. “Temos a obrigação de tornar o atleta também um cidadão. Cuidamos do alistamento, RG atualizada, título de eleitor, passaporte, escola, saúde, etc… A orientação é constante para os atletas. Costumo brincar dizendo que temos a guarda compartilhada com a família. Temos familiares presentes e em outros casos não muito presentes.”

Mas se o clube cuida dos jogadores, também exige responsabilidades. “Os atletas tem as obrigações e ordens a seguir aqui dentro da casa. Eles têm a liberdade de sair, mas têm que nos informar, não no sentido de proibi-los, mas sim de protegê-los”, disse. “Por serem jovens, muita vezes esquecem que a profissão é curta e acabam pensando somente no agora. Temos de estarmos atentos a tudo que está acontecendo, pois somos educadores de uma grande diversidade.”

Um dos melhores exemplo do trabalho realizado nas categorias de base foi o atacante Michael, atualmente no Flamengo, que teve problemas fora de campo. “O Michael chegou no clube e não tinha feito trabalho de base no futebol. Ele ficou uns meses na Casa do Atleta, quando já havia feito a escolha dele, de sair do mundo ruim que ele vivia. Então, para nós foi um ganho enorme, pois ele nos ajudava com os atletas, com depoimentos e vivências dele e isso foi bom para todos. Foi muito gratificante conviver com ele.”

Osmar Lucindo, diretor das categorias de base do Goiás, elogia o trabalho feito por Renata e por toda a equipe da Casa do Atleta. “A Renata é a mamãezona dos atletas. Ela está muito bem entrosada com o clube e o seu trabalho, com muita seriedade e responsabilidade, é muito importante para a formação do caráter do homem e do atleta.”