Arquivo Pessoal – Ana Carvalho da Consonare

Relacionamento tóxico, abusivo ou sem limites, cada vez se torna mais comum esse tema em conversas públicas e privadas. Entretanto, muitas pessoas não reconhecem que já passaram por uma situação semelhante, cujos sintomas físicos e emocionais podem ser parecidos. Uma taquicardia, irritabilidade, sentimento de nunca estar ao alcance, sem saber explicar como se deixa envolver, sensação de “que amanhã passa”. Enquanto isso, na outra ponta, quem manipula a relação, consegue se manter na gangorra emocional, entre elevar e em seguida, nocautear o seu alvo.

Ana Carvalho, terapeuta reiki, consteladora familiar e idealizadora da maior plataforma de terapias integrativas do Brasil, a Consonare, vem dar sua contribuição para nos ajudar a perceber melhor, quando estamos envolvidos numa relação tóxica, abusiva e, melhor, as maneiras para sair dessa sem muito danos psicológicos.

 

O que é uma relação tóxica?

Primeiro, vamos pensar o que é algo tóxico. É algo que faz mal ao organismo, um veneno. A toxicidade numa relação acontece quando não há equilíbrio. Um relacionamento, seja afetivo, de amizade ou colegas de trabalho, precisa ocorrer em um sistema de equilíbrio, segundo a visão sistêmica da Constelação Familiar. Isso significa que, se a relação não é de ganha-ganha, temos alguém que fica numa posição superior subjugando a outra. Essa subjugação vem disfarçada muitas vezes de amor, como sobrepor sua vontade, controle sobre o outro, reações exageradas, imposição de medo, coação mental, entre outras estratégias. 

Como podemos perceber que já estamos envolvidos numa relação abusiva?
Ao contrário da agressão física, em que a pessoa obviamente sofreu uma ameaça à sua vida, eu diria que o pior aprisionamento abusivo é o mental. Isso porque é uma abusividade muito sutil, que vem camuflada sob forma de cuidado, amor, zelo, proteção. Logo, a pessoa nessa situação engana a si mesmo de que o outro está justamente cuidando, amando, protegendo. O abusador, de forma inconsciente, entende as fragilidades do outro e se embrenha justamente para supri-las. E a própria pessoa abusada, também de forma inconsciente e trazendo toda sua história familiar de seus pais e ancestrais, atraiu essa pessoa que se encaixou perfeitamente na sua necessidade de pertencimento, amor, proteção que não obteve lá atrás e, a princípio, tudo é perfeito.

Perceber essa sutileza só acontece quando a pessoa está incomodada consigo mesma, sente-se de alguma maneira aprisionada, mas não sabe ainda fazer relação disso com o seu par. Está querendo de alguma forma liberdade, sair sem medo ou aquela sensação de pisar em ovos. Mas é olhando para seu interior e suas angústias que ela vai trazer à consciência que é o relacionamento abusivo o causador dessas emoções. E que é ela o agente de mudanças na sua vida.

 

De que forma nos posicionamos diante da outra pessoa?

Como nosso histórico de vida é determinante para atrairmos a pessoa que se encaixe para suprir nossos vazios emocionais, é possível que essa pessoa escolha uma pessoa que por natureza já seja persuasiva, poderosa, forte de argumentos, tudo o que ela não é. Muitas vezes mulheres nessas condições têm problemas no chackra laringeo, onde está concentrada nossa comunicação, nosso poder de fala. Aquela velha máxima dos sapos que engolimos todos os dias. O que acontece é que, de autoconhecimento em autoconhecimento, a mulher vai se tornando mais autoconfiante, dona de si, consciente do seu valor próprio e isso vai levá-la a uma encruzilhada. Ou ela se posiciona e gera conflitos, dos quais historicamente ela fugiu a vida inteira, ou opta por sair da relação, o que nem sempre é uma tarefa fácil, já que as várias dependências mentais já estão enraizadas.

Qual o limite entre manter a relação ou cortá-la definitivamente?

Em geral, é uma ilusão achar que entramos numa relação e vamos mudar o outro. Há muita gente que aceita entrar numa relação e acredita que fará isso. Não acontece. Cada um muda a si mesmo. Ao tomar consciência de todos os seus valores e potenciais, a pessoas pode renegociar o contrato inicialmente firmado, impondo suas próprias condições. Verificar se as condições foram cumpridas ou não.

Quais os principais traumas apontados por quem sofre uma relação tóxica?

Vou fazer uma analogia com um pássaro. Quando um pássaro foge da gaiola, muitas vezes pode achar que a gaiola era o lugar mais seguro do mundo. Afinal, ali tinha ração, água e vez ou outra um mimo. Porém, ainda era uma prisão. Ele só vai se dar conta de que pode ganhar o mundo usando suas asas, voando para longe dali. E vai notar que suas asas são grandes e o levam tão longe quanto ele queira ir.
A sensação é a mesma com o ser humano.

Um conselho que dou para essas situações é fazer uma lista do porquê se deixou aquela relação. Sempre quando bate uma solidão, é preciso olhar para essa lista e seguir em frente, sozinho.

A pessoa causadora da relação tóxica tem noção do seu papel?

Como a pessoa age inconscientemente, ela não tem consciência do mal que faz quando a abusividade é mental. E geralmente a pessoa tem elevado lócus externo, ou seja, acredita que o problema sempre sejam os outros, nunca ela. Diante dessa situação, o único caminho para que a pessoa reconheça seu papel é a dor. Perdendo a pessoa que diz amar talvez ela parta para o autoconhecimento. Quem não se conhece navega à deriva num mar de possibilidades. E nessas muitas vezes fere quem está mais próximo, que é a pessoa amada.

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*Ronise Vilela é criativa de conteúdo e desenvolvedora de Comunicação Afetiva. 
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