Há poucos dias, uma amiga me pediu que compartilhasse nas redes sociais a foto e as (poucas) informações sobre uma mulher que havia desaparecido dois dias antes na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo minha amiga, a senhora era mãe da conhecida de outra amiga.

Como há muitos boatos sobre desaparecimento de pessoas, decidi, antes de postar a informação, olhar o perfil da filha da mulher desaparecida. O nome da moça já despertava desconfiança – era um nome sem vogais, somente com consoantes, algo como Sxth Schtzvb (as letras não eram essas). Analisando o perfil da moça, vi poucas fotos disponíveis para quem não fosse contato dela, e, nas informações a respeito da pessoa, dizia que ela morava na Escandinávia. Pensei que, obviamente, isso podia ser apenas uma brincadeira da dona do perfil, mas não havia qualquer informação que denunciasse de onde ela era, de fato.

As informações sobre o desaparecimento da senhora traziam a foto dela e diziam apenas que ela havia saído paara ir à casa de uma amiga e não havia chegado lá, nem voltado para a própria casa. Mas não dizia onde ela morava, nem onde era a casa da amiga. Sequer havia o nome da desaparecida.

Raciocínio óbvio: de que adiantaria eu compartilhar a informação imprecisa, se não havia nem o nome ou a cidade da pessoa desaparecida? Decidi entrar em contato com a filha, a moça sem nome. Mandei uma mensagem fechada, primeiro perguntando se era verdade a história do desaparecimento. Ela logo respondeu que sim. Então tomei a liberdade de sugerir que ela arrumasse seu nome e colocasse mais informações sobre a mãe desaparecida. Expliquei que muitas pessoas poderiam ver a mensagem e pensar que era boato, sem sequer considerar a possibilidade de o caso ser verdadeiro e grave.

Ela me agradeceu e prontamente corrigiu o nome – um nome simples e bonito, que existe de verdade. Compartilhei a informação e acompanhei o caso. Em dois dias a mãe foi encontrada, sem maiores problemas. Tinha apenas decido se desligar um pouco da realidade.

Mas toda essa história – que felizmente não teve um final traumático – me fez pensar no quanto é importante considerarmos com seriedade as informações que disponibilizamos nos perfis que criamos nas redes sociais. Mesmo que a intenção seja apenas a de se divertir, há momentos em que informações reais e sérias são necessárias. Pense nisso e aproveite a deixa pra analisar como está sua exposição nas redes.