É possível estabelecer uma comunicação afetiva em tempos de fake news? Também não sei bem qual a diretriz da chamada comunicação afetiva, mas urge entre nós, especialmente nesse período pós-eleitoral, remendar, consertar ou deixar cicatrizar a verborragia talvez necessária para o pleito. Há um cansaço e uma falsa vitória no contexto, porque se X ou Y se consolidaram no poder, quem estava no calço disso tudo fez uma doação que talvez tenha acarretado mais frustração do que se imaginava.
Creio que as redes sociais foram superdimensionadas e seus reflexos atingiram indistintamente a todos. Fake news, bots, e uma legislação vulnerável entornam o caldo diante da maneira como a comunicação foi tratada nos últimos meses.
Todo esse blá, blá, blá, pretende chegar em algo que, diferente desse fogaréu da comunicação tradicional, porém, incrementada como meio digital, nasce de forma embrionária a comunicação afetiva.
Mas o que é esse novo conceito, esse modus operandi, que está longe de ser concorrente da consolidada forma de divulgar a informação por meio dos inúmeros veículos, da métrica e relatórios de engajamento?
Pisando em ovos – Se você quiser ir num buscador e pesquisar sobre o tema, irá encontrar alguns conceitos e poucas experiências. Talvez seja algo tão embrionário e aparentemente utópico, que não há estudos ou números que possam sustentar ou ilustrar a proposta de uma pretensa nova maneira de se produzir informações.
Em vez de ser apenas apenas de um instrumento apartidário, convenhamos que não existe na forma do trato real, uma oposição crítica, com efetivamente a via contrária do que é feito, ou seja, ouvir antes de falar e quem? Os vários segmentos da sociedade que são impactados com as mudanças drásticas que teremos.
Um estudo da Avaaz.org revela que praticamente 90% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) foram expostos a notícias falsas e desse universo, 89,7% acreditaram nas informações, de acordo com a matéria “Estudo diz que 90% dos eleitores de Jair Bolsonaro acreditam em fake news”, publicado do portal do Valor Econômico, de 02 de novembro.  No Brasil, 130 milhões de pessoas têm contas ativas no Facebook e já somos o terceiro país usuário da rede, ficando atrás dos Estados Unidos e Índia. De acordo com o relatório da We are Social, uma das maiores agências de social media, cujas ações majoritárias são da China, a maioria dos usuários facebookianos se conecta para entretenimento e informação de notícias, ou seja, a isca perfeita para os bots darem os botes, se me permitem o trocadilho, a fim de ilustrar a armadilha da fonte. Enquanto isso, 120 milhões de brasileiros usam o Whatsapp para estreitar sua relações pessoais e profissionais e “repassar informações”, sem check de links, entre outras aberrações do gênero. E esses números são dados de abril de 2018.
A comunicação afetiva em princípio visa a contramão da informação rude ou meramente seguindo a métrica das tags de busca. Porque nota-se um engajamento fake, quando o usuário apenas se satisfaz com o título e os comentários. Não há repertório denso para o debate e os produtores de conteúdo são responsáveis por isso, pelo fomento do like, da visualização na linha “quanto mais ódio, melhor”. Não é por essa via que a comunicação afetiva pretende nascer e se multiplicar, mas ela começa ppela observação. E se você pretende construir essa alternativa, sua sugestão será muito bem-vinda. Deixe seu contato nos comentários e daremos sequência para um debate sobre novos rumos da comunicação. Grata!