Quem nunca sentiu dores nos joelhos, é um sortudo, principalmente se tem mais de 20 anos. Os problemas nessa articulação são queixas frequentes nos consultórios médicos. E uma das principais causas é a condromalácia patelar, que representa até 17% dos casos. Também chamada de síndrome femoropatelar, causa dor em movimentos que exigem um esforço maior dos joelhos, como subir ou descer escadas, levantar-se de uma cadeira ou agachar-se. 
E quem acha que só as pessoas mais velhas têm problemas nos joelhos, é bom saber que a condromalácia patelar é muito mais comum em pessoas jovens e fisicamente ativas, com menos de 40 anos. Mas, claro que também atinge quem já passou dessa idade. O que muda são as causas. Portanto, ela pode afetar qualquer pessoa. 
Segundo a fisioterapeuta Walkiria Brunetti, os esportes de alto impacto, como corridas, vôlei, basquete, futebol, jumping, ciclismo, entre outros, podem levar ao desenvolvimento da condromalácia patelar. “Podemos citar também como causas o excesso de peso (pois aumenta a carga articular); luxação; traumas na patela, no menisco ou no ligamento cruzado anterior; osteoartrite e joelhos valgos (em x – voltados para dentro). Como as mulheres têm uma maior tendência em ter joelhos valgos, a condromalácia é mais prevalente nelas”.   
Além da dor, os pacientes costumam relatar crepitação, como se o joelho estalasse em certos movimentos. Os joelhos também podem ficar mais rígidos, restringindo algumas atividades. Raramente a dor aparece durante o repouso e, em alguns casos, o joelho pode inchar.

Por que tanta pressão?
A patela é o osso anterior do joelho e a cartilagem que a envolve serve para amortecer a pressão entre ela e o fêmur. 
Em alguns movimentos, a pressão pode chegar a até sete vezes o peso corporal da pessoa. Exemplo: se a pessoa pesa 60 kg, a pressão será de cerca de 420 kg. 
“Por isso, vários esportes estão envolvidos na origem da condromalácia, sendo muito comum em quem pratica corridas”, diz Walkiria.

Fisioterapia é essencial para reabilitação
Na maioria dos casos, a fisioterapia e os medicamentos anti-inflamatórios e para dor costumam melhorar a condromalacia. “O primeiro objetivo é a melhora da dor. Isso pode ser feito por meio da crioterapia (compressas de gelo) e com a eletroterapia, como o TENS (Transcutaneous Electric Nerve Stimulation)”, explica Walkiria.
 “Na reabilitação, iremos trabalhar com o objetivo de melhorar a biomecânica do joelho quando se faz a extensão, ou seja, fazer com que a patela corra em seu trilho sem desviar-se para o lado de fora, que é o que causa o desgaste e a dor na região anterior do joelho. Para isso, iremos alongar alguns grupos musculares anteriores e posteriores do joelho e fortalecer os grupos mediais, anteriores, principalmente o vasto medial e os posteriores”, diz a fisioterapeuta.
 Walkiria explica que é importante também avaliar como o paciente posiciona o pé, como é o apoio plantar do paciente, pois em alguns casos o uso de uma palmilha irá melhorar muito a posição dos joelhos e isso contribui para amenizar o desgaste, fazendo com o que joelho tenha um melhor alinhamento. “Vale lembrar que essa palmilha é feita de acordo com a avaliação do apoio plantar do paciente, não é algo comprado pronto”.
 Como recursos da fisioterapia, também podem ser usados a estimulação elétrica neuromuscular, para aumentar a ativação da musculatura. Outro método útil para melhorar a funcionalidade dos músculos é o kinesio taping, mais conhecida como bandagem elástica.
Walkiria lembra que durante a reabilitação é preciso suspender as atividades de alto impacto, assim como evitar subir e descer escadas, cruzar as pernas e agachar. “Após o término da fisioterapia, o ideal é continuar a praticar musculação ou atividades de fortalecimento muscular para os membros inferiores e quadris”.

Nem toda condromalácia é igual
Durante o diagnóstico, o médico irá definir qual o grau da condromalácia de acordo com o estado da cartilagem. No grau I há apenas amolecimento superficial. O grau II há comprometimento da camada superficial e da área um pouco abaixo. No grau III há acometimento de 50% da espessura da cartilagem e no grau IV, a lesão é total.