Franklin de Freitas – Os acampados fazem a limpeza do local

Entre os moradores mais ponderados da vizinhança da Polícia Federal, o aposentado Edson Balzer admite que a vigília de apoio ao ex-presidente Lula é organizada, principalmente a ala do MST. “Não é tanto (transtorno) assim. Fazem perturbação, mas não é tanto assim. A organização é simpática. Os que estão trajados, que são do MST, são mais simpáticos, mais organizados. Essa segunda leva é mais hostil. O pessoal (da organização)… é difícil de controlar essa gente toda. (No primeiro dia) o ônibus arrebentou o fio e estragou o nosso circuito de segurança. Das quatro câmeras três não estão funcionando”.
“Nós estávamos tão preocupados com a luz do Luizinho”, diz. Bauzer se refere ao caso de Ricardo Luiz Brasílio, o Luizinho. Ele ficou sem energia elétrica quando um dos ônibus do MST, no domingo (8), arrebentou a fiação de alguns postes. Pelo transtorno, Luizinho recebeu R$ 1 mil da empresária Rosane Amorin Gutiar,  de Curitiba, que visitava o acampamento e ouviu a história. Ela se solidarizou.  
É consenso entre os moradores que há transtornos à vizinhança. “Minha irmã trabalha na faculdade (Faculdade Dr. Leocádio José Correia), lá o barulho atrapalha  as aulas”, conta Jean Morais. Apesar de admitir os incomodos, Morais questiona a versão de determinados vizinhos. “Estão até mentindo para repórter, dizendo que estão fazendo necessidades na frente da casa deles, para ver se o governo faz alguma coisa e tira eles daqui”, acredita.
Entre os mais resistentes, outro morador, que pediu para não ter o nome revelado, disse que a ocupação o pegou de surpresa. “Nós moradores temos que mostrar o comprovante de residência. Mas tínhamos um carro deles aqui dentro”, reclama.
Integrante do Movimento Sem Teto de Heliópolis, em São Paulo e da Central de Movimentos Populares (CMP), Maria de Fátima de Souza, 73 anos, conta como foi um dos momentos de maior tensão no acampamento. “O pessoal estava na grama só, da calçada dela (moradora). Ela saiu de lá enfurecida, uma menina jovem, gritando, xingando todo mundo. Aí o pessoal foi para o meio da rua e ficou gritando ‘Lula Livre’.  Ela ligou para o marido. Ele é policial e veio.. Ele mostrou a arma”, contou ela.