SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 11 pessoas foram mortas no Quênia no dia seguinte à divulgação do resultado da eleição presidencial no país. O Quênia foi tomado por uma onda de protestos que questionam a reeleição do presidente Uhuru Kenyatta. Os atos são reprimidos duramente pela polícia. De acordo com as agências de notícias, a repressão aos protestos no país deixou nove mortos em favelas da capital Nairóbi, um no oeste do país, no condado de Kisumu, e outro na cidade de Siaya, no sudoeste. A oposição garantiu que não vai abrir mão do anúncio de seu candidato, Raila Odinga, como vencedor da eleição presidencial. “Não vamos nos deixar intimidar. Não renunciaremos”, declarou em entrevista coletiva Johnson Muthama, uma das lideranças da coalizão política Nasa, descrevendo a repressão policial como uma tentativa “de sujeitar” a oposição. Muthama denunciou que a Polícia matou -segundo ele- “mais de 100 quenianos inocentes, incluindo dez crianças”. No entanto, nenhuma evidência dessas mortes foi divulgada pela oposição até agora. “Uhuru Kenyatta não tem qualquer legitimidade para ser presidente do Quênia”, continuou Muthama. Nos últimos dias, a oposição multiplicou as acusações de fraude eleitoral, excluindo, até o momento, recorrer à Justiça contra a reeleição de Kenyatta. “Comunicaremos no momento adequado a maneira como realizaremos nossa ação”, afirmou Muthama, acrescentando que, “por enquanto, pedimos aos nossos partidários e aos quenianos que se mantenham em segurança”. “Não somos inimigos. Todos somos cidadãos de uma república. Como em qualquer competição, sempre haverá vencedores e sempre perdedores, mas todos pertencemos à grande nação do Quênia”, afirmou Kenyatta. O pais africano já viveu confrontos graves gerados por eleições. Após o pleito de 2007, enfrentamentos entre membros dos diferentes grupos políticos terminaram com um balanço de 1.100 mortos. Kenyatta já foi acusado de ter provocado os distúrbios pós-eleitorais de 2007 e processado por crimes de lesa-humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. As acusações foram arquivadas em 2014.