SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O conselho deliberativo do Palmeiras aprovou em reunião extraordinária nesta segunda-feira (20) a validade dos aditamentos contratuais com a Crefisa, que foram assinados em janeiro e fizeram com que o clube assumisse uma dívida de R$ 120 milhões com a patrocinadora.

O resultado é uma vitória do presidente Maurício Galiotte, que convocou a reunião após o Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) rejeitar os balancetes mensais de janeiro, fevereiro e março por causa do passivo assumido pelo clube, e de Leila Pereira, conselheira e dona da empresa de crédito.

Dos 278 conselheiros aptos a votar, 225 compareceram à reunião na sede social do clube. Destes, 141 votaram a favor dos aditamentos, enquanto 67 se abstiveram de votar e 17 foram embora antes da votação. A maioria simples já era suficiente para aprovar os contratos.

Com a decisão já esperada do conselho em favor do contrato com a Crefisa, na prática, as rejeições de contas do COF, de maioria oposicionista, ficam esvaziadas de poder. Membros da oposição têm afirmado que o conselho não tem competência prevista no estatuto do clube para decidir sobre a reestruturação do contrato, e que a decisão desta segunda, portanto, seria inválida. Conselheiros desse grupo tentaram inclusive impedir a deliberação sobre o tema na Justiça, mas foram inicialmente derrotados.

A argumentação da diretoria do Palmeiras é que o conselho é soberano para decidir sobre o tema e que a reunião não representa um “atropelo” das funções do COF, que poderá seguir rejeitando os balancetes mensais. Ao UOL Esporte, o diretor jurídico alviverde, Alexandre Zanotta, disse que o tema foi “politizado” pelos oposicionistas do COF e que Galiotte convocou a reunião do conselho por uma questão de transparência com os sócios.

“Não é nem competência do COF nem do conselho. Mas como o COF resolveu reprovar os balancetes não com base técnica, mas com base política, o presidente, por transparência, achou melhor chamar o conselho para decidir. O estatuto não tem nada de competência do conselho em relação a isso, mas também não tem nada que proíba falar sobre isso. O conselho é soberano”, disse Zanotta.

Essa interpretação foi rebatida por Guilherme Gomes Pereira, ex-diretor jurídico do Palmeiras e conselheiro do grupo do ex-presidente Paulo Nobre. “O conselho não tem competência para deliberar sobre reestruturação do contrato, a competência é do COF. Não houve essa análise do COF, que vem rejeitando as contas mensais. O conselho só pode no ano que vem, a partir de parecer do COF, verificar se a rejeição das contas tem procedência ou não. Não é para, diante de rejeições de balancetes, o presidente chamar uma reunião para avaliar e deliberar sobre o contrato. O COF vem rejeitando as contas, por conta do aumento do passivo, que não foi autorizado por eles”, afirmou ele ao UOL Esporte.

Os contratos com a Crefisa precisaram passar por mudanças em janeiro, depois de a empresa de Leila Pereira ser multada pela Receita Federal. Os valores investidos pela patrocinadora na contratação de jogadores tiveram que deixar de ser registrados como “despesas” e passaram à categoria de “empréstimos”, fazendo com que o Palmeiras precise devolver o dinheiro quando os atletas deixarem o clube. O clube assumiu um passivo na casa dos R$ 120 milhões, que Galiotte trata como “dívida coberta” por considerar que o clube tem ativos (os próprios jogadores) com os quais pagar.