MADRI (FOLHAPRESS) – Quando arqueólogos egípcios encontraram um sarcófago negro de 27 toneladas fechado há mais de 2.000 anos, os usuários das redes sociais foram velozes em implorar: NÃO ABRAM.

Parecia mesmo o início de um desses filmes em que uma maldição é por fim libertada depois de séculos selada, na linha do recente “A Múmia” (2017). “Não aprendemos nada?”, diversos deles perguntaram.

Mas a caixa foi por fim aberta na quinta-feira (19) e, por enquanto, ao que consta não ressuscitou um faraó de nome impronunciável nem espalhou pragas bíblicas sob a terra.

Segundo o jornal britânico Guardian, o sarcófago de granito negro continha três múmias em decomposição devido a uma infiltração de um líquido escarlate -provavelmente esgoto. O caldo, descrito como de um cheiro insuportável, foi despejado na rua depois da abertura do artefato.

Esse túmulo do Reino Ptolemaico (305 a.C – 30 a.C) foi encontrado neste mês cinco metros abaixo da superfície em uma obra em Alexandria. Não foi aberto de imediato porque sua tampa, intacta desde a Antiguidade, pesava sozinha 15 toneladas. As dimensões do sarcófago, conta o diário, levaram a especulações sobre a possibilidade de que uma grande figura histórica estivesse dentro dele. Foi sugerido que pudesse ser mesmo o icônico Alexandre, o Grande, ainda desaparecido dos cemitérios. Ele morreu em 323 a.C.

O período ptolemaico começou após a morte de Alexandre, o Grande, em 305 a.C. e durou até 30 a.C, quando a rainha Cleópatra 7ª foi derrotada e o Egito se tornou província do Império Romano.

As múmias foram levadas ao Museu Nacional de Alexandria, nessa cidade no norte do país. Ainda é necessário estudá-las para determinar a sua origem, mas por ora os arqueólogos supõem que fossem três soldados egípcios. O crânio de um deles estava perfurado por uma flecha. Está descartado que Alexandre, o Grande, estivesse na caixa.

“Abrimos o sarcófago e, graças a Deus, o mundo não foi tomado pela escuridão”, Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades, disse a jornalistas após a abertura do túmulo. “Fui o primeiro a colocar a cabeça dentro do sarcófago e aqui estou diante de vocês. Estou bem!”