SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou neste sábado (24) que poderá rever metas e deixar de fazer obras antes previstas para recuperar os viadutos da capital paulista. 

A afirmação foi feita em gravação do Poder em Foco, do SBT, programa de entrevistas que vai ao ar à 0h de domingo.

Desde que um viaduto na marginal Pinheiros cedeu no dia 15, o assunto virou prioridade na gestão. A cidade fará um estudo nos 198 viadutos e pontes para saber o que deve ser reformado.

"Natural que conforme as coisas vão surgindo, vão aparecendo, você tem que mudar as metas que a prefeitura tem. Talvez a gente tenha que deixar algumas obras que a gente havia imaginado fazer em 2019, 2020, porque essa [a questão dos viadutos] virou a urgência", diz. 

Covas afirmou ainda não saber quais metas serão afetadas. "A gente ainda não tem ainda noção do tamanho que vai custar isso para a cidade de São Paulo. Estamos num momento de repactuação do plano de metas. A lei do plano de metas prevê que ao final do segundo biênio, começo do terceiro biênio é possível repactuar as metas com a Câmara. Isso já era um processo que estava em andamento", disse.

O prefeito afirmou que a gestão percebeu que as vistorias visuais dos viadutos são insuficientes. "Desde o ano passado, estamos tentando contratar laudos estruturantes", afirmou. 

Desde que a lei do plano de metas passou a valer, em 2008, os prefeitos não chegaram a utilizar a possibilidade prevista de rever os objetivos. "Vamos também repactuar não apenas que não vamos fazer, mas também vamos majorar o que a gente já sabe o que vai fazer a mais", disse, citando como exemplo a expansão de wifi gratuito pela cidade. 

Neste ano, a gestão Bruno Covas (PSDB) gastou apenas 5,3% do valor previsto para recuperação e reforço de pontes e viadutos em São Paulo. A administração municipal reservou R$ 44,7 milhões para recuperação e reforço de viadutos e pontes no Orçamento deste ano. No entanto, a menos de um mês e meio do final do ano, gastou até agora apenas R$ 2,4 milhões.

A Prefeitura de São Paulo é alvo de cobranças há mais de uma década para reformar pontes e viadutos que requerem manutenção preventiva e reparos. A situação se arrasta por pelo menos quatro prefeitos  –Gilberto Kassab (PSD), de 2006 a 2012, Fernando Haddad (PT), de 2013 a 2016, João Doria (PSDB), de 2017 a abril de 2018, e Bruno Covas (PSDB)– sem que uma ampla ação efetiva tenha sido realizada.

Segundo o Ministério Público, a maioria das pontes e viadutos da cidade foram erguidos entre as décadas de 1960 e 1970 e, desde lá, não passaram por manutenção adequada nem receberam atenção de prevenção a contento. A falta de atenção rotineira às instalações também acabou por inflar os valores das obras.

Reportagem da Folha publicada neste sábado mostrou que até madrugada em que parte de sua estrutura cedeu e provocou interdições na segunda via mais movimentada de São Paulo, o viaduto estava invisível. Ao menos diante dos órgãos da prefeitura responsáveis por sua manutenção. 

O elevado que fica a 500 metros da ponte do Jaguaré, na zona oeste, e liga a pista expressa da marginal à rodovia Castello Branco tinha acabado de completar 40 anos sem obras de manutenção quando se tornou mais uma ameaça ao trânsito. 

Sem nem um nome oficial, a estrutura não recebeu nenhum tipo de melhoria durante a atual gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB). Ao que tudo indica, nem nas administrações anteriores já que a prefeitura não sabe dizer quando foi realizada a última visita técnica no local. "Estamos dando uma olhada nessas informações, estamos apurando", disse o secretário de Obras, Vitor Aly.

Recuperação do viaduto Técnicos da gestão Bruno Covas (PSDB) trabalham com a estimativa de que as obras de recuperação do viaduto que cedeu na marginal Pinheiros levem em torno de seis meses para a conclusão total. A liberação ao tráfego de veículos, porém, deve ser feita antes e de forma gradual. 

O viaduto na zona oeste cedeu cerca de dois metros. A administração precisará usar estacas de ferro na base de sustentação da estrutura e vai erguê-la usando macaco hidráulico. Ainda serão feitos reforços no viaduto.

O contrato emergencial foi feito com a empresa JZ Engenharia e Comércio, com prazo de seis meses, de acordo com publicação no Diário Oficial da Cidade desta quinta-feira (22). 

Antes desse prazo, porém, a prefeitura quer fazer a liberação gradual da estrutura, restringindo faixas e evitando que veículos pesados trafeguem por ali. Ônibus e caminhões teriam de circular em vias alternativas. 

O prazo para início da liberação para veículos ainda depende de diagnósticos que estão sendo feitos nesta semana. No entanto, técnicos municipais ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que dificilmente o processo de abertura comece a ser feito antes do período de um mês. 

A marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentada de São Paulo, atrás apenas da Tietê, e liga a cidade a diferentes rodovias e avenidas. Em apenas uma hora na marginal, no pico de tráfego, 13 mil veículos passam pelas oito faixas da marginal, incluindo a pista local. No momento, cinco dessas faixas estão interditadas.