Dálie Felberg/Alep – Deputado Do Carmo (PSL): ““Os deputados novos têm que acordar. Ou nós acordamos

A escolha do presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Assembleia Legislativa para investigar a empresa JMK, acusada de irregularidades na manutenção da frota de veículos oficiais do Estado provocou uma pesada troca de farpas entre parlamentares da chamada ‘bancada da bala’ – formada em sua maioria por policiais civis e militares e integrantes das forças de segurança – e da base do governo. O deputado Soldado Fruet (PROS) foi escolhido para presidir a investigação, enquanto o delegado Jacovós (PR) foi indicado para relatar os trabalhos. A vice-presidência ficou com o deputado Tião Medeiros (PTB).

Antes que os nomes fossem confirmados, porém, Medeiros alegou que haveria um acordo com o governo para que o deputado Michele Caputo (PSDB) fosse o relator. Jacovós e outros parlamentares da “bancada da bala” reagiram acusando a base governista de tentar “melar” a investigação.

O líder do governo na Casa, deputado Hussein Bakri (PSD), negou interferência do Palácio Iguaçu na questão. “O governo não se mete em CPI. Que apure-se o que for apurado”, garantiu Bakri. O parlamentar, porém, colocou em dúvida a capacidade da comissão em investigar o caso. “O que essa CPI vai achar mais do que a investigação que está sendo feito pela polícia?”, questionou ela, afirmando que quem iniciou a apuração do problema foi o atual governo.

O deputado Do Carmo (PSL), também oriundo da Polícia Militar, rebateu, afirmando que “existia sim” uma resistência da base do governo à entregar o comando da CPI aos parlamentares do grupo. “Os deputados novos têm que acordar. Ou nós acordamos, ou seremos engolidos pelo sistema”, alertou.

Depoimentos – Após a eleição, o presidente e o relator indicaram os próximos passos da CPI. De acordo com Fruet, uma das primeiras providências será o pedido, junto ao governo do Estado, de documentos relativos à JMK. “Com base nestes documentos, vamos definir a convocação para os depoimentos. A CPI foi instalada para apurar irregularidades”, explicou.

Jacovós afirmou que também deve convocar o delegado da Divisão de Combate à Corrupção da Polícia Civil, Alan Flore. Ele é o responsável pela Operação Peça Chave, que instiga a JMK e levou à prisão temporária de 15 pessoas. “Como a investigação está avançada, temos de chamar os investigadores que trabalham no caso. Queremos complementar o trabalho realizado pela Polícia Civil”, disse. O deputado também afirmou que pretende sugerir a convocação de ex-secretários estaduais da Administração e Previdência. A próxima reunião está marcada para terça-feira (11).

A abertura da CPI foi proposta pelo presidente eleito, deputado Soldado Fruet. O prazo para a realização dos trabalhos é de 120 dias, podendo ser prorrogado por mais 60 dias.

Prejuízo – A operação Peça Chave investiga diversos crimes praticados por pessoas ligadas à empresa JMK. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 125 milhões. Há suspeitas de que as atividades criminosas aconteciam desde o início da execução do contrato, em junho 2015. Na semana passada, a Polícia Civil do Paraná cumpriu 15 mandados de prisão temporária e 29 de busca e apreensão contra responsáveis pela manutenção de veículos oficiais do Estado do Paraná.

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