Frankin de Freitas – Problema começou ainda em fevereiro

A crise de abastecimento de remédio não só continua nas farmácias como já afeta os postos de saúde gerenciados pelas Prefeituras dos municípios do Paraná. Um ofício publicado no dia 22 de junho pelo Consórcio Paraná Saúde, que atua na aquisição de medicamentos para 398 municípios paranaenses, alertou sobre os medicamentos que estarão em falta para os próximos lotes de abastecimento.

Entre os remédios que podem faltar estão alguns essenciais para o tratamento de síndromes respiratórias, como Amoxilina + Clavunalato e Dipirona. Em pelo menos cinco prefeituras, também há falta de Tamiflu, antiviral para pacientes com complicações do vírus Influenza.

Segundo o consórcio, o problema se agravou nas últimas semanas, devido ao avanço da pandemia de coronavírus, ao aumento dos casos de doenças respiratórias em crianças, ao cenário de epidemias de dengue em várias regiões do Estado, e ainda pela falta de princípios ativos para a produção de diversos medicamentos.

Os remédios em falta, segundo o Consórcio Paraná Saúde, são: Amoxicilina + Clavulanato (50 + 12,5 mg/ml – suspensão oral), Dipirona Sódica – comprimido, Dipirona Sódica – solução injetável, Gentamicina 5 mg/ml – solução oftálmica e Hipromelose – 5 mg/ml – solução oftálmica.

Os medicamentos em falta fazem parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), cuja responsabilidade pela aquisição é das Secretarias Municipais de Saúde para posterior dispensação no nível ambulatorial por meio das Unidades Básicas de Saúde e abastecimento das Unidades de Pronto Atendimento.

A Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Matinhos, no Litoral do Paraná, por exemplo, informou à população ontem nas redes sociais sobre a falta de medicamentos e “que mantêm contato frequente a fim de reorganizar o atendimento aos pacientes, buscando medidas para normalizar a prestação dos serviços”.

Tamiflu em falta — Pelo menos cinco prefeituras do Paraná já confirmaram a falta do medicamento Tamiflu, que se popularizou na epidemia de H1N1 em 2009.

Em Cascavel, o remédio está em falta desde a semana passada. Já em Foz do Iguaçu, o Tamiflu de 30 e 45 mg está em falta, mas o estoque da versão de 75 mg está normalizado. Em Guarapuava, o estoque está perto do fim, principalmente por causa do aumento de casos de Influenza em crianças. A Prefeitura de Maringá confirmou que está faltando Tamiflu na concentração de 45 mg. Em Paranavaí, também não o remédio.

O Tamiflu é fornecido pelo governo do estado para as prefeituras. Segundo a Sesa, o Tamiflu é distribuído pelo Ministério da Saúde e está sendo enviado de forma parcelada devido ao atraso na produção por falta de insumos no fabricante e a previsão é que em julho, a situação esteja regularizada.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que compra de outros remédios por meio do Centro de Medicamentos do Paraná (CEMEPAR) exclusivamente para abastecimento da rede hospitalar própria sob gestão direta da Secretaria, considerando o elenco padronizado para atendimento dessas unidades.

“Em caso de falta, a Sesa adota como prática orientar a substituição de medicamentos que se encontram com problemas de abastecimento por outras opções terapêuticas cujo fornecimento esteja regularizado”, afirmou a Sesa, em nota.

Problema começou em fevereiro e não tem prazo para terminar

A crise da falta de medicamentos vem desde fevereiro. A indústria farmacêutica brasileira tem encontrado dificuldade de importar insumos da China e da Índia, os maiores produtores do setor, por causa do lockdown e a guerra entre a Rússia e Ucrânia.

A falta de remédios começou a se agravar em maio devido ao aumento de casos de síndromes respiratórias, entre elas Covid, entre adultos e crianças. “Essa falta de medicamentos já acontece desde fevereiro, mas com o aumento dos casos de síndromes respiratórias em crianças e da demanda de remédios, a crise se agravou”, disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos (Sindifarma), Edenir Zandoná Jr. E, de acordo com ele, não há prazo para a normalização do abastecimento, embora tenha melhorado um pouco. “Alguns medicamentos tem chegado, mas em pequena quantidade, o que não alivia a crise”, afirmou ontem Zandoná. Hoje, há cerca de 100 remédios em falta nas prateleiras das farmácias do Paraná. Antialérgicos, descongestionantes nasais, xaropes para tosse, antibióticos, antigripais estão entre os medicamentos em falta.

Sem testes para Covid suficientes, Prefeitura de Araucária muda estratégia

A Prefeitura de Araucária, assim como os demais municípios brasileiros, recebe as doses da vacina e também os testes para Covid-19 do Ministério da Saúde. No entanto, nesta semana, foi recebida a informação sobre a escassez de testes rápidos de antígeno e, por isso, o Governo Federal deverá enviar quantidade menor de testes aos municípios, informou a Prefeitura por meio de nota. Com isso, será necessária a aplicação de outra estratégia de testagem contra Covid-19 e as mudanças passarão a valer a partir de hoje.

Para evitar a falta de testes rápidos, a Prefeitura já está se organizando para iniciar processo licitatório que viabiliza a compra de testes em maior número. Porém, como a Covid-19 não configura mais estado de emergência em saúde pública, o município não pode realizar este tipo de compra de forma emergencial, ou seja, os prazos legais precisam ser cumpridos.

Com isso, a partir dsta sexta-feira (1), somente casos moderados/graves (sintomas persistentes) serão testados. Já os casos leves deverão passar por consulta médica, devendo em seguida ficar em isolamento por 7 dias.