Franklin de Freitas – Rua Benedito Correia de Freitas

A frustração diante da histórica goleada por 7 a 1 aplicada pela Alemanha em 2014 e os diversos casos de corrupção que tomaram conta do noticiário nos últimos anos deve resultar numa Copa do Mundo bem mais cinzenta para os curitibanos. Sem clima para comemoração, a Rua Benedito Correia de Freitas, no bairro Abranches, por exemplo, não será decorada de verde e amarelo pela primeira vez em 24 anos. 
“Esta copa será de luto”, explica a empresária Silmara Cristine Iglesias, de 52 anos. Foi ela que deu início à tradição em 1994, como uma forma de encarar o luto pela morte de Ayrton Senna, em 1º de maio daquele ano, e também para dar uma força aos comandados de Carlos Alberto Parreira, que tentariam (e conquistariam) o tetra para o Brasil na Copa do Mundo nos Estados Unidos.
Desde então, de quatro em quatro anos a decoração da rua era renovada e o clima de festa tomava contava, com mais de 400 pessoas chegando a se reunir na casa da família Iglesias em dias de jogo da Canarinho. Neste ano, contudo, ela considerou que não havia clima para comemoração. 
“Pelo menos metade dos brasileiros não quer saber da Copa. Já estava chateada com tudo o que tem acontecido, essa roubalheira, o estado do Rio de Janeiro do jeito que está, e depois dessa greve (dos caminhoneiros). Nosso Brasil está muito triste. Sou brasileira, amo a Seleção e está sendo difícil para mim não fazer a decoração, mas foi o jeito que encontrei de protestar”, conta Silmara.
Na rua do Bairro Abranches, permanecem as pinturas feitas para a Copa de 2014, já um tanto desbotadas. A empresária revela que chegou a pensar em pintar tudo de preto, mas que preferiu não o fazer por conta da repercussão. 
“Minha vontade era pôr a rua inteira de luto, pintar tudo de preto. Mas achei melhor não. Estou decorando a minha Lanchonete (Lanches da Sil, localizada na Rua Fernando de Noronha, 310), alguns jogos vamos assistir aqui, outros em casa, mas aquela festa que faço em todas as Copas, que enche a rua de gente, com pipoca, sanduíche natural para todo mundo, isso não vou fazer.”
Quanto à próxima Copa, que será disputada em 2022 no Catar, ela não faz promessas em retomar com a tradicional decoração da rua. “Não sei ainda… Até pretendo, mas só se o Brasil melhorar nesses próximos quatro anos. Só que não estou acreditando que isso vá acontecer… A tendência é piorar”, lamenta. 
Azul e branco
Em Teresina, no Piauí, outro grupo de torcedores teve uma ideia inusitada para desabafar sobre o momento que o Brasil atravessa. Na Rua 8 do Bairro Real Copagre, o verde e amarelo perdeu espaço para o azul e branco. Em vez de festa no domingo, quando o Brasil estreia contra a Suiça, a folia acontecerá é no sábado, às 10 horas, quando a Argentina encara a Islândia.

Mundial deve movimentar mais de R$ 20 bilhões
Apesar do desanimo de parte dos torcedores brasileiros, a Copa do Mundo deve injetar mais de R$ 20,3 bilhões na economia nacional até o final do mundial. Aestimativa é de uma pesquisa divulgada ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) . Segundo a pesquisa, 60 milhões de consumidores brasileiros devem gastar com produtos ou serviços relacionados à Copa do Mundo. A estimativa é apenas nacional, e não divulgou dados por estados.
Apesar de toda essa movimentação financeira, metade dos consumidores entrevistados não pretendem realizar as compras nos horários de transmissão dos jogos. Segundo o levantamento, os principais locais de compra serão os supermercados (68%), lojas de rua (35%) e camelôs (28%).
Outros serviços que serão fonte de gasto dos torcedores na Copa serão as idas em bares e restaurantes para assistir as transmissões da Copa – um total de 62% dos entrevistados. 

Associação cria evento para estimular consumo
Um festival gastronômico, com petiscos temáticos promocionais e exibição dos jogos da Copa do Mundo, promete movimentar os bares de Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu durante a Copa 2018. Iniciativa da Abrabar, o Mundial dos Bares tem a participação de 26 estabelecimentos nas três cidades e é uma “convocação” para que os torcedores assistam às partidas nos bares do Paraná.
“O festival é uma forma de ajudar nosso setor a reagir nesse período difícil. É uma iniciativa positiva para tirar o pessoal de casa para torcer pelo Brasil nos nossos bares, aproveitando as promoções”, diz o presidente da Abrabar, Fábio Aguayo.