Reprodução/Assessoria de Imprensa

Na era digital ouvimos todos os dias dicas conselhos para cuidarmos da privacidade de nossos dados. Não devemos clicar em links desconhecidos, temos que desconfiar de e-mails com ofertas, ficar atentos às entregas em nossas residências, jamais atender quando um de nossos contatos pede dinheiro por aplicativo de mensagens e assim por diante.

A cada dia novas fraudes surgem e para que elas se concretizem é necessário capturar seus dados em algum momento. Já vimos falsos entregadores usando máquinas de cartão para obter a senha bancária da vítima, assistimos pessoas lamentando-se por comprar e pagar por um carro que não existe, mas estava exibido na internet e até testemunhamos pessoas necessitadas que tiveram seu auxílio emergencial sacado por bandidos em plena pandemia do coronavírus.

Um dos golpes recentes foi realizado por um falso entregador. A pessoa recebeu uma mensagem de uma suposta floricultura, afirmando que ela havia recebido um presente, mas que a entrega deveria ser feita em mãos. Na hora de receber, o entregador disse que precisava de uma “foto de confirmação” e tirou uma foto da vítima. Minutos depois, outra mensagem chegou: o financiamento de um veículo no valor de 90 mil reais em seu nome.

O falso entregador está conectado ao aplicativo do banco no momento em que pede a foto à vítima. Muitas vezes, os golpistas até cobrem a tela do celular com fita adesiva, para que a pessoa não perceba que o celular está logado no aplicativo de banco. Esse é apenas mais um dos golpes realizados digitalmente.

Todas as semanas surgem novos golpes e novas vítimas. Estamos tomando todos os cuidados possíveis com nossos dados pessoais? Existem medidas adicionais para aumentar nossa segurança digital?

Segundo Francisco Gomes Júnior, especialista em Direito Digital e Presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e Do Consumidor) “Não existe segurança absoluta no mundo digital, mas sim maneiras de diminuir os riscos que corremos. O modo de vida atual provoca uma exposição de nossos dados pessoais em diversos locais e muitas vezes nem nos atentamos para como esses atos aumentam as chances de sermos vítimas de golpes.”

De fato, parece difícil não expor parte de nossos dados nas mídias sociais. Quase todos temos um perfil em alguma rede social e nesses locais começamos expondo ao menos nosso nome. Além disso, muitas vezes, postamos foto de nossa família, de nossas viagens e até do que comemos. Até que ponto isso nos expõe? “Centenas ou milhares de dados de cada um de nós circulam pela internet. Dados como nome, localização, contatos e fotos são fornecidos por todos nós espontaneamente e com eles as empresas que operam online nos enviam ofertas direcionadas para nossas preferências” complementa o especialista.

Sabendo da utilização de nossos dados e de como nós mesmos os fornecemos recomenda-se um certo autopoliciamento sobre quais informações podem ser públicas e quais você quer que sejam exibidas limitadamente. Cheque suas redes sociais e veja suas configurações, limite quem pode ter acesso a certos dados.

E o que mais podemos fazer? “É necessário cuidado com brincadeiras do tipo poste uma selfie atual, bem como com aqueles desafios dos 10 ou 20 anos. Certos programas de software estão sendo desenvolvidos para transformar uma foto plana em uma imagem 3 D, ou seja, uma selfie sua pode ser utilizada como Face ID para acessar sua conta bancária” destaca o advogado.

Rememorando, tome cuidado com o que você mesmo disponibiliza nas redes, não saia postando por impulso ou por alguma onda do momento. Esses são os maiores cuidados nas redes sociais. Mas os riscos não param por aí.

Quais então os cuidados de nosso dia a dia? “Buscando resumir, eu diria que além do já dito sobre dados nas redes, não pagar com cartão em locais duvidosos, não emprestar seu celular para alguém fazer uma ligação, não deixar nem fornecer fotos do seu rosto e não fornecer dados por telefone ou e-mail, sobretudo bancários. É polêmico na era digital anotar suas senhas fora do celular, mas o faça em um caderno que você deixe em casa, é uma medida de segurança caso roubem seu aparelho. Tente também pagar algumas contas em dinheiro, muitos dizem estar em desuso, mas pode ser uma alternativa até que os meios eletrônicos de pagamento como o PIX se mostrem totalmente seguros” finaliza Gomes Júnior.

Francisco Gomes Júnior – Advogado Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP).