Carlos Costa/CMC – Márcia Huçulak: na Câmara

O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Alcides Oliveira, afirmou hoje, em audiência pública na Câmara de Vereadores, que a Capital paranaense está “na iminência de uma quarta onda” de Covid-19, ao defender as novas medidas restritivas baixadas pela prefeitura para tentar conter a proliferação da doença. Além de Oliveira, a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, também participou da audiência e defendeu as medidas.

Hoje, a prefeitura decidiu manter a “bandeira laranja”, com ampliação do toque de recolher e fechamento de mercados aos sábados e domingos, além da proibição do funcionamento deliverys após as 21 horas. Desde a semana passada, vereadores têm criticado essas medidas.

De acordo com os dados exibidos, as medidas mais restritivas foram eficazes em ondas anteriores para que houvesse uma diminuição da transmissão e do número de novos casos, freando a disseminação do vírus. “As medidas são eficazes. Quando temos diminuição dos deslocamentos, temos uma queda mais expressiva dos casos”, disse Oliveira. “Mas é preciso o engajamento e participação de todos. O problema é de todos. Precisamos de medidas articuladas e orquestradas”, afirmou o diretor. “A pandemia não acabou. É preciso que se mude o comportamento humano”, defendeu ele.

A secretárioa Huçulak também afirmou que o objetivo das medidas mais restritivas em determinado momento de picos da pandemia é fazer com que as pessoas circulem menos pela cidade. Dessa forma, diminui-se os casos de acidentes e traumas, situações que levam muita gente para os hospitais e pronto socorros, sobrecarregando um sistema que precisa atender o elevado número de casos de Covid.

Estas medidas, segundo a secretária, atualmente não vêm encontrando respaldo nas administrações dos municípios da região metropolitana, que permanecem com comércio funcionando com menos restrições que a capital. Com isso, os casos de trauma de pacientes oriundos da região metropolitana permanecem altos e estes pacientes acabam sendo atendidos na capital. “Faço um apelo à região metropolitana. O paciente que quebra uma perna lá é atendido aqui. Estamos sobrecarregados”, pediu Huçulak.

Enquanto Curitiba criou 525 novos leitos de UTI covid e 726 leitos de enfermaria exclusivos para covid, hospitais da região metropolitana apenas converteram antigos leitos para o atendimento de covid. Com isso, os pacientes de trauma da região metropolitana atualmente sobrecarregam ainda mais os pronto-socorros da capital, alega a secretaria.

Medicamentos – Os vereadores questionaram a secretária sobre a falta de medicamentos para intubação de pacientes com covid-19. Segundo Márcia, não há falta, mas alguns medicamentos, como bloqueadores neuromusculares, encontram-se com estoque em nível crítico.

De acordo com a secretária, a Saúde realizou compras emergenciais e tem cobrado os fornecedores. A alta demanda destes insumos em todo o mundo, porém, tem trazido pressão para este mercado globalmente. Por este motivo, segundo ela, a secretaria tem trabalhado com ajustes no protocolo para que outras drogas também possam ser usadas com o mesmo fim, sem perder eficácia e segurança, otimizando os medicamentos disponíveis e repondo, de acordo com a demanda.

A SMS aguarda, inclusive, o desembaraço de uma compra internacional realizada de um fornecedor da Índia há mais de um mês. Os produtos já estão em São José dos Pinhais, aguardando a liberação por parte da Anvisa.

O diretor do departamento de urgência e emergência, Pedro Almeida, esclareceu, ainda, que a contenção mecânica de pacientes intubados faz parte do protocolo de manejo clínico, para evitar extubação acidental, se eventualmente ocorrer de a sedação diminuir de intensidade em algum momento. Não está ligada, portanto, à falta destes medicamentos.