Franklin de Freitas – O Gol foi levado pela enxurrada no bairro Rebouças e foi parar no Rio Belém

No último domingo (9), enquanto Paraná Clube e Cianorte se enfrentavam na Vila Capanema pelo Campeonato Paranaense, um inusitado episódio filmado nos arredores do estádio paranista ganhava atenção nas redes sociais. Um veículo VolkswagemGol foi carregado por uma enchente na Rua Walter Marquadt, no bairro Rebouças, e acabou só sendo encontrado na manhã de segunda-feira (10), no Rio Belém, em Curitiba, a cerca de dois quilômetros de distância do local de onde caiu.

O proprietário do veículo é Leonardo Naldony, um dos pouco mais de 2 mil torcedores presentes no estádio paranista e que só foi descobrir que seu carro havia sido levado após receber um vídeo no WhatsApp. Como não tem seguro, ele não ainda não sabe como fará para retirar o automóvel do rio. E numa situação como a dele, a grande maioria dos paranaenses também estaria exposto.

Segundo levantamento feito pelo Bem Paraná, três em cada quatro veículos que compõem a chamada frota circulante no estado não possuem qualquer tipo de cobertura por seguro. Em junho de 2019, haviam 1,23 milhões de veículos segurados no Paraná, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). No mesmo mês, o número de unidades circulantes era de 5,4 milhões, conforme estimativa com base em dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

O número se aproxima das estimativas mais recentes em nível nacional, da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSEG) e da Escola Nacional de Seguros, as quais apontam que entre 70 e 80% da frota brasileira circula sem seguro veicular. No último ano, porém, o Paraná registrou crescimento de 4,2% no número de veículos segurados, que passou de 1,19 para 1,23 milhão.

Uma das principais razões para a baixa adesão é o custo alto dos seguros, tanto que nos últimos tempos as principais empresas do ramo tem apostado em seguros contra furto e roubo com menor custo mensal para atingir um maior número de consumidores. Leonardo, por exemplo, não havia contratado o serviço por avaliar que não compensava o investimento com relação ao valor do automóvel, que ele pretendia dar de entrada na aquisição de um outro carro nos próximos dias.

Além disso, muitos países (como na União Europeia) costumam ter um seguro de responsabilidade civil obrigatório. No Brasil, entretanto, o único seguro que todo veículo é obrigado a ter é o de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), que serve para indenizar vítimas de acidentes envolvendo veículo em casos de morte, invalidez e despesas médico-hospitalares. Esse seguro é pago anualmente, junto com o IPVA, e possui cobertura em todo o país.

Seguro de automóvel cobre desastre natural?

As opções de cobertura e de preços no mercado de seguros são variadas, sendo necessário ao consumidor ter clareza sobre os serviços que estão sendo contratados para evitar surpresas desagradáveis na hora de uma emergência. E uma das dúvidas mais comuns diz respeito justamente à cobertura em caso de desastres naturais.

No pacote completo, mais comum de ser contratado, estão cobertas situações de colisão, incêndio e roubo. Caso não haja exclusões no contrato, o proprietário do veículo também estará protegido contra acidentes de trânsito ou de danos causados por desastres como vendavais (queda de árvore sobre o automóvel) ou mesmo uma enchente que carregue o veículo. Entretanto, a seguradora pode recusar pagar o seguro caso comprove que o segurado se expôs a um risco desnecessário.

Torcedor cria vaquinha online para tirar carro de rio

Para conseguir arrecadar fundos e tirar seu Volskwagen Gol do Rio Belém, Leonardo Naldony criou uma vaquinha virtual por meio da plataforma Vakinha. A meta dele é conseguir R$ 15 mil e até às 19 horas de ontem 32 pessoas já haviam apoiado a iniciativa, arrecadando R$ 1.123 (7,5% da meta). “Apesar do valor ser alto, qualquer ajuda é válida. O carro está num local bem difícil de tirar, sem acesso”, explica Leonardo.

O caso do veículo boiando, inclusive, foi lembrado pelo técnico do Paraná Clube, Allan Aal, em entrevista coletiva após o jogo válido pelo Campeonato Paranaense. As imagens do veículo sendo carregado pela enchente começaram a circular ainda durante a partida na Vila Capanema. “Hoje foi uma tempestade que tinha carro aqui no entorno da Vila Capanema boiando. O campo praticamente impossibilitou de jogar”, disse o treinador.