Fernando Frazão/Agência Brasil

O procurador da República Deltan Dallagnol vem criticando o vazamento de conversas dele com o ministro da Justiça, Sergio Moro — quando este era juiz federal —, e demais integrantes do Ministério Público Federal. O Intercept, no entanto, publicou novas mensagens neste sábado (22), nas quais Dallagnol já afirmou que “jornalista que vaza não comete crime”.

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Em novembro de 2015, em um grupo chamado “PF-MPF Lava Jato 2”, enquanto discutiam medidas para coibir vazamentos de informações da força-tarefa (“alguns vazamentos tem sido muito prejudiciais”), Dallagnol afirmou que usar medidas judiciais para investigar jornalistas que publicaram material vazado não seria apenas difícil, mas “praticamente impossível”, porque “jornalista que vaza não comete crime”.

Em maio de 2018, os procuradores da força-tarefa da “Lava Jato” criaram um grupo no Telegram chamado “Liberdade de expressão CF”. O objetivo era redigir um manifesto em defesa da liberdade de expressão. Isso porque o Conselho Nacional do Ministério Público iria julgar se abria procedimento administrativo contra o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima por críticas ao então presidente Michel Temer (MDB).

Nos debates no grupo, Dallagnol apontou que autoridades públicas têm menos privacidade do que cidadãos comuns. “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e têm uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública”, disse o procurador na ocasião, de acordo com o The Intercept Brasil. A reportagem também lembra que ao defender a divulgação, por Moro, de conversas telefônicas do ex-presidente Lula — sendo uma delas com a então presidente Dilma Rousseff — o próprio Dallagnol argumentou que o interesse do público de saber o que governantes fazem se sobrepõe ao direito à privacidade de políticos.

O Intercept Brasil ainda destaca que, antes da publicação de suas conversas, outros procuradores da “lava jato” apoiavam a divulgação de documentos sigilosos e demonstravam admiração por pessoas como Edward Snowden, que tornou públicos documentos secretos comprovando irregularidades ou corrupção por parte de autoridades.