A delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sobre os repasses de recursos para campanhas de políticos do PMDB e outros partidos envolve também o senador Roberto Requião (PMDB). Segundo o depoimento de Machado à força-tarefa da operação Lava Jato, a campanha de Requião ao governo do Estado em 2014 teria sido beneficiada com recursos intermediados pelo esquema de propina envolvendo empresas que mantém negócios com o governo federal e estatais. No caso, a empresa JBS – proprietária do frigorífico Friboi. 

A divulgação da íntegra da delação revela que os repasses relatados por ele para a campanha do de Requião fez parte de um pacote de R$ 40 milhões de recursos para as campanhas de diversos senadores do PMDB, pelo grupo JBS, que teria sido intermediado pela direção nacional do PT. No depoimento, Machado relata reuniões na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), nas quais os repasses teriam sido combinados.
QUE ouvi falar nas reuniões na casa do Renan, não me lembro ;por parte de quem, que nas eleições de 2014, o PT nacional ofereceu apoio de R$ 40 milhões ao PMDB do Senado; QUE essa doação seria feita por meio da JBS, conta o ex-presidente da Transpetro em um dos trechos do depoimento. Segundo ele, em um desses encontros, um dos diretores da JBS, Francisco de Assis e Silva, teria comentado que a empresa estaria ajudando em diversas campanhas, e que em relação ao PMDB, seriam contemplados por doações da JBS diversos Senadores, entre eles o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE), Vital do Rego (PB), Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO) e Requião.
Guarda-chuva – A prestação de contas da campanha de Requião para o governo do Estado em 2014 aponta três doações da JBS, no valor total de R$ 2,4 milhões. A primeira, de R$ 500 mil, através da direção nacional do PMDB; a segunda, de R$ 400 mil, da campanha de Michel Temer à vice-presidência; e a última, de R$ 1,5 milhão, diretamente pela JBS.
O advogado do senador diz que as doações foram legais e registradas. Não há nada de ilegal. Essa específica junto ao JBS foi um encaminhamento feito pelo Diretório Nacional do PMDB. Nós inclusive não tivemos que ter contato com ninguém da empresa. Não houve nenhuma conversa da campanha com a empresa. O que houve foi é uma doação que foi feita, uma espécie de doação ‘guarda-chuva’ que foi feita por esta empresa para o PMDB nacional que distribuiu esses recursos licitamente para as campanhas dos candidatos a governador do PMDB. Totalmente declarados, sem nenhuma ilegalidade, afirmou ele à rádio CBN.
O próprio Sérgio Machado, pelo que eu pude ler na sua delação, não fala que esse dinheiro é ilícito. Não diz que isso é fruto de propina, de corrupção. E um repasse de uma empresa que foi feito pelo PMDB nacional que distribuiu esses recursos de acordo com o que entedia que era o necessário. E essas doações são absolutamente legítimas. Não há nenhum problema nelas, argumenta.
Na delação, Sérgio Machado afirma que mesmo as doações feitas de forma legal e registradas oficialmente tinham como origem propinas cobradas de empresas que mantinham negócios com o governo e estatais. Segundo ele, os políticos destinatários desses recursos tinham conhecimento disso.