Narley Resende

CATIA SEABRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O delegado da Polícia Federal Gastão Schefer Netto quebrou, na manhã desta sexta-feira (4), o equipamento de som usado por petistas no acampamento em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba.

Segundo relato de petistas, que gravaram imagens do delegado, ele invadiu o acampamento e quebrou o equipamento de som no momento em que se preparavam para o grito de "bom dia, Lula", que repetem todas as manhãs.

De acordo com a deputada estadual Márcia Lia (PT-SP), ele foi detido pela Polícia Militar e liberado pouco depois. Ele foi identificado por ela e pela deputada federal Ana Perugini (PT-ES), no momento em que voltava à superintendência da PF, de onde elas saiam.

Nesse instante o delegado foi identificado. Segundo Márcia Lia, o delegado disse estar nervoso e com dificuldades para dormir. Ainda segundo a deputada, ele alega ter sido agredido.

"Vamos tentar registrar a queixa por Brasília, porque percebemos que, da República de Curitiba, não sairá nada", ela afirmou.

DEVOTO E ARMAMENTISTA

Em seu perfil no Facebook, o delegado faz "check-in" em uma igreja batista e curte a página do Papa Francisco. Ele também segue páginas da pistola taurus 938, de um clube de tiro, da campanha do armamento, de uma empresa de venda de armas, do Exército e do Partido Militar Brasileiro. 

Entre os grupos que participa, estão "Curitiba contra o PT", "Pena de morte sim" e "A nossa bandeira não é vermelha".

Na esfera política, o delegado gosta da atual governadora Cida Borghetti (PP), de seu marido Ricardo Barros (PP), ex-ministro da saúde, do ex-governador Beto Richa (PSDB), do deputado federal Marco Feliciano (PSC) e do presidenciável Flávio Rocha (PRB). 

No mundo artístico, Schefer é fã do cantor Lobão e do apresentador Danilo Gentili. 

'CIDADÃO DE BEM'

Em entrevista a uma rádio em 2014, o delegado defendeu o armamento do "cidadão de bem", evocando Hitler nos argumentos. 

"Hitler foi um dos primeiros a fazer desarmamento da população. Tirando as armas da população fica fácil de pegar e atacar, fazer o que quiser", disse.

Na visão do delegado, o desarmamento serve para "deixar as pessoas indefesas". Ele defendeu que todo "cidadão de bem" sem antecedentes criminais e com ocupação lícita pode ter porte de armas. "Armas não matam, pessoas matam."

OCORRÊNCIA

Questionada por jornalistas, a Polícia Federal disse que o ataque ocorreu fora da PF e que não tem relação com o cargo do delegado. "Problemas decorrentes de morar na vizinhança, nada a ver com PF. Eventual apuração cabe à PC [Polícia Civil]."

A Polícia Militar, no entanto, diz que os envolvidos foram encaminhados à PF, que teria assumido a ocorrência. 

A organização do acampamento Lula Livre, por sua vez, já afirmou que registrará ocorrência na 4ª DP.