SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Tesla revelou o novo utilitário esportivo elétrico Model Y, mas o cronograma de lançamento pode prejudicar o futuro da empresa presidida por Elon Musk.


A chegada da primeira versão está prevista para o segundo semestre de 2020, com preço a partir de US$ 47 mil (R$ 180,2 mil). A opção mais em conta, de US$ 39 mil (R$ 149,5 mil) só deve estrear em março de 2021. Até lá, concorrentes da marca americana já terão colocado seus veículos não poluentes nas ruas.


Sem o fator surpresa de antigos lançamentos –ser elétrico, esportivo e bem desenhado não é mais exclusividade dos carros Tesla–, o Model Y segue a tendência e se encaixa no segmento de maior sucesso no mundo atualmente. SUVs de porte médio ou compacto se destacam em todos os continentes.


Marcas de luxo alemãs terão em breve suas opções nesse nicho. O Audi E-Tron chega neste ano –inclusive no mercado brasileiro– e o Mercedes EQC estreia em 2020. Deverão custar a partir de US$ 60 mil (R$ 230 mil), valor próximo do pedido nos Estados Unidos pelo inglês elétrico Jaguar I-Pace (R$ 266,4 mil), que já está à venda.


É a segunda vez que a Tesla frusta as expectativas ao anunciar um carro de menor preço que ainda não está pronto para ser produzido em grande escala. O primeiro foi o sedã Model X, cuja versão de US$ 35 mil (R$ 134,2 mil) só chegou às concessionárias no mês passado.


Para Elon Musk, a demora não deve prejudicar as vendas do Model Y. Durante a apresentação do SUV em San Francisco, na última quinta-feira (14), o presidente da Tesla disse que, provavelmente, a produção do Model Y será maior que a dos modelos S e X somados, que são os veículos mais caros da marca.


Assim sendo, o novo utilitário esportivo deverá ter cerca de 200 mil unidades comercializadas por ano.


Contudo, altos volumes não são suficientes para fazer a Tesla torna-se rentável. Sem grandes parcerias e com a redução de incentivos fiscais nos EUA, os custos de produção elevados limitam as margens de lucro.


A apresentação do Model Y ocorre após um início de ano turbulento para a montadora. Suas ações caíram 17% nos últimos dois meses, quando cortou funcionários e revelou um cenário pouco animador no curto prazo.


A marca que lidera o segmento de veículos elétricos no mundo tem de lidar também com a própria inexperiência na produção em larga escala.


Donos dos carros postam em redes sociais fotos de alguns modelos sem o para-choque traseiro. A razão do problema parece ser o acúmulo de água da chuva: a peça se solta devido ao excesso de peso. Em nota, a montadora afirmou que está investigando o problema.


Além disso, Musk tem enfrentado problemas legais recorrentes. O caso mais recente ocorreu há um mês.


O empresário disse que a Tesla fabricaria por volta de 500 mil veículos em 2019, número acima das estimativas anteriores. Quatro horas depois, publicou outra informação, esclarecendo que a empresa produziria somente 400 mil carros neste ano, mas esperava acelerar a montagem nos últimos meses.


Ao fazer uma estimativa prévia mais positiva, Musk poderia levar investidores a negociar ações da Tesla com base em dados errados.