Ao sobreviver a um acidente de avião causado por uma tempestade, um grupo de jovens se vê preso em um lugar desconhecido, sem contato algum com o resto do mundo. A ilha é paradisíaca e seduz os habitantes, mas ao mesmo tempo é habitada por uma força maligna ancestral que guarda um segredo, e isso força os jovens a lutar pela própria sobrevivência. Essa é a premissa do livro Os Filhos da Tempestade, do autor Rodrigo de Oliveira, o mesmo dos cinco volumes da saga As Crônicas dos Mortos. 

Oliveira mantém algumas das características das obras anteriores, como o ritmo frenético e um flerte assumido com o sobrenatural. Em Os Filhos da Tempestade, ele resgata o Triângulo das Bermudas, uma área no mar da América Central que ganhou relevância no imaginário popular – muitos aviões e navios desapareceram misteriosamente por ali. Mas não apenas isso. Em sua narrativa, o autor faz os personagens sofrerem sem dó. Isso depois de levar o leitor a tomar carinho por eles.

O livro foi lançado no começo deste mês e já apareceu entre os mais vendidos em uma das semanas de junho. Em entrevista ao Bem Paraná, Rodrigo de Oliveira conta alguns segredos de Os Filhos da Tempestade e fala dos desafios de se lançar um livro no Brasil.

Bem Paraná – O senhor lançou cinco livros de uma série chamada de As Crônicas dos Mortos. Chega de mortos e zumbis, é hora de escrever sobre sobreviventes?

Rodrigo de Oliveira – A verdade é que entramos na reta final da saga As Crônicas dos Mortos e eu estava escrevendo o último livro, chamado A Era dos Mortos, quando sofri um apagão criativo total. Não conseguia avançar com mais nada, o livro simplesmente parou de fluir e assim permaneci por quase dois meses. Depois de muito tempo olhando para a tela do computador sem fazer ideia do que eu poderia escrever, decidi que estava na hora de tomar uma atitude. Foi nesse momento que decidi desengavetar o livro Os Filhos da Tempestade, um projeto antigo.

Bem Paraná – De onde vieram as ideias para Os Filhos da Tempestade? Existe um pouco de influência do desenho Caverna do Dragão (os jovens são arrastados para outro mundo) ou do seriado Lost (viajantes em uma ilha cheia de mistérios)?

Oliveira – Eu tive algumas fontes de inspiração, a primeira e mais importante foi o livro O Senhor das Moscas, que também serviu de ponto de partida para a série Lost. Outro que também ajudou muito foi Capitães da Areia do Jorge Amado, que trabalha de forma brilhante a questão de grupos de jovens rivais. Sinceramente não lembrei do Caverna do Dragão, mas de fato tem a ver.

Bem Paraná – O livro resgata o Triângulo das Bermudas. Era foco de grande imaginário popular e fonte de teorias intrigantes até os anos 80, depois isso diminuiu. Por quê?

Oliveira – A questão do Triângulo das Bermudas sempre me fascinou, eu sempre quis escrever algo envolvendo esse pedaço do oceano e seus segredos, no qual tantas embarcações e aeronaves desapareceram de forma inexplicável. Quem conhece meu trabalho sabe que eu adoro me apoderar de temas misteriosos e controversos e realizar releituras a respeito deles, tal qual eu fiz usando o planeta Absinto nos meus livros anteriores. Como sempre, eu queria dar um toque de originalidade a esse assunto que já foi muito explorado no passado, por isso cruzei esse tema com a história de uma bruxa, também muito conectada com outro episódio real. O resultado funcionou bem, os leitores estão gostando.

Bem Paraná – O que se mostra mais forte no livro: o amor ou o poder?

Oliveira – Ambos têm o seu peso, a verdade é que a busca por um poder ilusório por parte de uma bruxa desencadeia todos os eventos do livro, mas é o amor existente entre os personagens principais que acaba dando a força para eles enfrentarem a força diabólica que quer dominar a todos. Gosto de pensar que, no final, o amor é o que prevalece.

Bem Paraná – A arte de capa foi alvo de segredo. Existe algo que ela, por si só, revela ou pode relevar sobre a trama?

Oliveira – Sim, certamente. O navio Cyclops que está na capa do livro é um dos grandes enigmas que fazem parte da mitologia do Triângulo das Bermudas. Gosto de imaginar que os leitores, motivados pela história, irão pesquisar a respeito desse misterioso navio.

Bem Paraná – Haverá uma sequência do livro? Aquele epílogo parece uma cenas pós-créditos de filme da Marvel…

Oliveira – Certamente haverá uma sequência. Foi impossível tratar todos os aspectos da história num único livro. No próximo volume pretendo explorar mais os aspectos fantásticos da obra.

Bem Paraná – Além do uso das redes sociais na divulgação do lançamento, foram feitos vídeos, ao estilo trailer de cinema. É algo inovador em se tratando de livros. Como foi esse trabalho?

Oliveira – Eu escrevi pessoalmente o roteiro, acredito que os booktrailers são ferramentas fantásticas de divulgação porque conseguem transmitir de forma mais rápida parte da emoção que o livro propõe trabalhar. Uma sinopse ou mesmo a capa às vezes não são suficientemente ilustrativos para ajudar o leitor a tomar a decisão de comprar ou não um livro, creio que o vídeo é um meio eficiente de apoiar essa decisão.

Bem Paraná – Os volumes de As Crônicas dos Mortos foram lançados pela Faro Editorial. Os Filhos da Tempestade é pela Planeta. Como foi essa mudança de editora?

Oliveira – Na prática não foi uma mudança de editora, mas sim um segundo contrato, meus livros da saga As Crônicas dos Mortos, presentes e futuros, continuarão sendo publicados pela Faro. Como a minha primeira editora não trabalha com livros de fantasia, eles não se interessaram em publicar o livro, o que me levou a procurar a Editora Planeta, que aceitou de imediato. Tem sido um processo muito tranquilo, meus editores são amigos e as assessoras de imprensa das duas casas editoriais estão colaborando mutuamente. Enfim, foi tudo muito natural e leve.

Bem Paraná – As Crônicas dos Mortos tiveram edições em formato tradicional, no papel, e em formato epub e PDF em livrarias virtuais. Isso acontece também com Os Filhos da Tempestade?

Oliveira – Com certeza. A Editora Planeta defende o e-book como alternativa de distribuição rápida e barata dos seus livros; isso para mim é muito positivo, sou um defensor ferrenho desse formato.

Bem Paraná – Qual é o seu próximo projeto como escritor?

Oliveira – Primeiramente preciso finalizar o livro A Era dos Mortos, que em função do tamanho provavelmente será dividido em dois volumes que serão lançados com um pequeno intervalo de tempo entre eles. Posteriormente irei escrever a continuação do livro Os Filhos da Tempestade e, depois disso, vou trabalhar num outro projeto da Faro Editorial, em conjunto com mais três escritores da editora, além de atuar como co-produtor no filme Elevador 16, baseado no livro de minha autoria. Enfim, tenho muito trabalho pela frente, graças a Deus.