SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de desaparecidos no incêndio Camp, que devasta o norte da Califórnia, nos Estados Unidos, aumentou drasticamente, de 300 para 631 pessoas. O número de mortos subiu para 63, depois que sete corpos foram encontrados, segundo balanço desta sexta-feira (16).

O novo balanço de desaparecidos veio após os investigadores revisarem as ligações de emergência realizadas desde que o incêndio começou, em 8 de novembro.

"Quero que entendam que o caos com o qual lidamos foi extraordinário quando o fogo começou", afirmou o xerife do condado de Butte, Kory Honea, ao justificar a revisão.

Ao todo, são ao menos 65 vítimas no estado, contando dois mortos em outro incêndio, conhecido como Woolsey, no sul, que destruiu quase 40 mil hectares e devastou áreas de Malibu, onde ficam as casas de várias celebridades.

Os socorristas continuam a busca por vítimas enquanto aguardam a chegada de materiais para análises genéticas ultrarrápidas, que ajudarão na identificação dos corpos.

As tarefas de busca se concentram na localidade de Paradise, de 26 mil habitantes, duramente castigada pelas chamas. "Estamos no meio de um desastre", disse o governador da Califórnia, o democrata Jerry Brown, enquanto mais de 50 mil pessoas estão fora de suas casas e assim devem permanecer por por várias semanas.

O presidente Donald Trump viajará neste sábado (17) ao estado para se reunir com as vítimas. Ele havia expressado seu apoio aos californianos em seu perfil no Twitter, mas provocou polêmica ao acusar o estado da Califórnia de "má gestão" florestal em áreas que, em sua maioria, estão sob controle federal.

"Paradise estava bem preparada para este tipo de emergência, mas este incêndio foi sem precedentes, resistente, e muita gente ficou presa", apesar das ordens de evacuação, afirmou Brown.

As famílias cujas casas foram incendiadas ainda não podem retornar.

Autoridades locais também emitiram um alerta de poluição do ar devido aos incêndios. Em San Francisco, as escolas públicas ficaram fechadas nesta sexta-feira, e o governo pediu aos moradores que fiquem em suas casas.

Ao menos 200 voos do aeroporto internacional de San Francisco sofreram atrasos devido à visibilidade reduzida. Moradores publicaram fotos nas redes sociais da famosa ponte Golden Gate pouco visível em uma atmosfera carregada de partículas.

BUSCA

Chocado, com as mãos na cabeça, Jhonathan Clark, 19, caminha pelo mar de escombros em que se converteu sua casa em Paradise. É a primeira vez que ele visita o lugar desde o incêndio.

A primeira coisa que encontrou foi o corpo de sua égua Jadis. Ele mostra a janela de seu quarto e as cinzas de seus livros de estudo. Nos fundos da casa, o esqueleto de um trator que havia comprado dias antes do incêndio e de um Mustang 1975 de seu pai.

Ele busca pistas do paradeiro de seu irmão Maurice, sua cunhada e seu sobrinho de seis anos.

"Meu pai está começando a perder as esperanças. Ele sabe que Maurice não sumiria sem dizer nada a ninguém. Faremos tudo para encontrá-lo, vivo ou morto. Porque é isso o que os Clark fazem, cuidamos uns dos outros", afirma Jhonathan, que tem um bebê de quatro meses com sua namorada, que estão a salvo.