Valter Campanato/ABr/Arquivo

A Motorola, empresa que criou o primeiro celular, há 45 anos, lançou neste ano uma plataforma global chamada Phone Life Balance, que questiona o uso inteligente e equilibrado da tecnologia, no caso dela, diretamente o smartphone. Para descobrir como é a relação dos consumidores da Motorola com seus smartphones, a empresa desenvolveu uma pesquisa on-line com dez perguntas simples, que estabelecem cinco perfis de usuários: telesapien, teleconsciente, teledependente, teléfilo e telefanático.

No total, 20 mil pessoas responderam à pesquisa no Brasil, por meio do site da marca e das redes sociais, de forma orgânica. O resultado revela que 41,52% dos participantes se enquadraram no perfil teledependente, aquele que nunca deixa de utilizar o telefone, fica no celular de manhã, antes de dormir, sempre que pode usa no tempo livre e se pega olhando para o aparelho só pelo fato de ele estar lá.

Em contrapartida, 32% dos pesquisados se enquadraram no perfil teleconsciente, ou seja, alcançaram um estado de equilíbrio no uso do smartphone. E apenas 5,56% se enquadraram no perfil telesapien, que usa o telefone apenas para o básico, como ver a hora e fazer ligações e não gosta nem de enviar mensagens de texto. A pesquisa ainda aponta que 1,5% são telefanáticos: nunca ficam sem telefone e sentem-se vulneráveis e estressados sem ele.

Os cinco perfis estabelecidos na pesquisa e suas porcentagens de usuários são:

– Telesapien (5,56%): aquele que usa o telefone apenas para o básico, como ver a hora e fazer ligações, e isso é tudo. Não gosta de enviar mensagens de texto, porque acha muito demorado digitar com o indicador e não publica nada em suas redes sociais. No dia a dia, o "não perturbe" é seu modus operandi. Sua vida não está em perigo de ser dominada pelo smartphone, porém um pouco de mobilidade poderia tornar seu dia mais produtivo.

– Teleconsciente (32,47%): alcançou um estado de equilíbrio no uso do smartphone. Vive a vida com o telefone, mas não dentro dele. Usa o dispositivo para economizar tempo e energia, que pode investir em coisas mais importantes. Entende o valor de seus relacionamentos e sabe como aproveitá-los ao máximo. Estabelece horas para usar o telefone e também para curtir seu tempo livre, pois compreende que o equilíbrio é necessário.

– Teléfilo (18,98%): a pessoa que não resiste ao seu smartphone. Usa em momentos de descanso, só porque ele está ali, disponível. Sente ansiedade quando o telefone acusa menos de 10% de bateria. Sempre acha que está fazendo muitas tarefas com o celular, mas, na verdade, está com muitas distrações. Com frequência, pega o telefone para ver a hora ou a previsão do tempo e acaba se perdendo em outras coisas, sem nem sequer ter visto aquilo que realmente procurava. O comportamento com o telefone corre o risco de tornar-se automático.

– Telefanático (1,47%): nunca fica sem usar o smartphone. É a primeira coisa que faz pela manhã, a última que faz à noite, e em qualquer momento no meio do dia. Com frequência, se pega olhando para ele sem saber o porquê. Ficar separado do telefone, mesmo que por alguns instantes, faz com que se sinta vulnerável e estressado. A relação com o celular atrapalha o relacionamento com os amigos e familiares, pois prefere enviar mensagens de texto a falar pessoalmente com alguém, e sente necessidade de responder às mensagens imediatamente, não importa quem, ou o quê, tenha de interromper para fazê-lo.

– Teledependente (41,52%): nunca deixa de utilizar seu telefone, uma realidade bastante negativa em vários sentidos. Fica no celular de manhã, antes de dormir e sempre que puder. Usa no tempo livre e se pega olhando para o aparelho só pelo fato de ele estar lá. Separar-se do telefone, mesmo por apenas alguns minutos, o faz sentir-se vulnerável e estressado. Há uma etiqueta implícita que estabelece quando e onde usá-lo, mas ele simplesmente não consegue seguir essa regra. Nesse ponto, o estudo descobriu que 65% dos entrevistados admitem sentir pânico ao pensar que perderam o smartphone, e que 29% concordam que, quando não estão usando, estão pensando em usar o celular na próxima vez em que estiverem com ele.

Do total dos participantes, 63% eram do sexo masculino e 70% da faixa etária de 10 a 29 anos; 77,54% utilizaram exatamente o aparelho celular, para responder à pesquisa. Entre as respostas a algumas das perguntas, 27,7% disseram que mantêm o smartphone ao seu alcance durante as 24 horas do dia; 36,8% deixam o celular virado com a tela para cima na mesa, durante o jantar; 30,2% responderam que, ao usar o banheiro, é 100% provável que levem o aparelho; 76% checam o dispositivo antes de sair da cama; 44,77% responderam que é provável que olhem o celular quando seus amigos o fazem; e 41% ignoram quando chega uma mensagem, se estão conversando com alguém.

Em outros países da América Latina, o número de teledependentes também alcançou a maior porcentagem dos pesquisados. No México, o total foi de 40,79%, na Colômbia, 38,54%; no Chile, 37,88%; e, no Peru, 41,17% dos usuários que responderam ao quiz. Já na Argentina, a maior porcentagem foi de teleconsciente, com 37,9%.

O estudo, publicado pela empresa independente Ipsos, foi feito em parceria com Nancy Etcoff, especialista renomada em Comportamento Mente-Cérebro e na Ciência da Felicidade, pela Universidade de Harvard, e psicóloga do Departamento de Psiquiatria do Hospital-Geral de Massachusetts.