O arremessador Darlan Romani, medalha de ouro e recordista nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, é uma das principais atrações do Troféu Brasil de Atletismo, que começa nesta quinta-feira em Bragança Paulista (SP). Ele estreia nesta sexta como forte candidato ao ouro na maior competição de clubes do País. O gigante de 1,90 metro e 156kg está no auge da boa forma física, mas tem de controlar a alimentação para evitar excesso de gordura no fígado. Nos últimos anos, ele conseguiu reduzir do preocupante nível 4 para o nível 1.

Darlan Romani afirma que come de tudo, não segue uma dieta rigorosa. Uma de suas paixões são as compotas que sua mãe faz e que costuma estocar em casa. Mas ele precisa controlar a gordura. O catarinense de Concórdia faz questão de tirar o excesso das carnes quando vai às churrascarias, o lugar predileto para se lembrar das origens.

Morador do interior de São Paulo, ele compra a comida direto dos sítios da região de Bragança Paulista. Ovos? Só orgânicos, aqueles produzidos por galinhas que recebem uma alimentação sem agrotóxicos e fertilizantes químicos. No dia do contato com o Estado, seu almoço foi arroz, lentilha, farofa, salada, frango e batata.

O acúmulo de gordura no fígado geralmente não é uma situação grave, mas quando não é devidamente tratada, pode gerar perda de funcionamento das células e cirrose, podendo ser necessário até um transplante de fígado.

Quem cuida do cardápio é Sara, sua mulher. Quando eles se conheceram, a alimentação de Darlan Romani tinha vários problemas. Entre 2010 e 2013, ele treinava no Centro Nacional de Treinamento em Uberlândia (MG). “Como o jantar era muito cedo, nós ficávamos com fome à noite. Aí comíamos pizzas e lanches, pois os treinos eram muito pesados”, recordou-se o segundo colocado no ranking mundial da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo, na sigla em inglês). Foi aí que o nível de gordura disparou.

Hoje, Sara cuida de tudo. “Ele não controla muito, ele come bem e o que tem vontade. Só controlamos o nível de gordura no preparo e a qualidade dos alimentos. Mais importante é a carne”, disse a ex-atleta do salto com vara. Casados há cinco anos, Darlan e Sara são os pais da Alice.

A rotina de treinos de Darlan é puxada. O atleta do Pinheiros treina diariamente (musculação e parte técnica) em dois períodos. Os treinos são cumulativos e ele ganha mais força a cada ano. Darlan Romani chega a fazer mais de 60 arremessos numa sessão de preparação técnica e levanta mais de 200kg nos exercícios de musculação.

Ele não toma suplemento para ganho de massa muscular, o que é raro para arremessadores de peso. Ele prefere compensar a necessidade proteína com os próprios alimentos, principalmente carne (gado, frango e peixe). Costuma ingerir apenas multivitamínicos e glutamina, que ajuda na recuperação física e muscular. Hoje, tem 19% de gordura corporal. Para um arremessador, o porcentual é de 18% a 25%.

Sua evolução tem sido constante, com exceção de 2013, quando sofreu com uma lesão. Ele saiu de 17,19 metros em 2010 até o recorde pan-americano (22,07 metros) neste ano. Além do ouro no Pan, outros resultados consistentes na temporada fazem dele uma esperança real de medalha em Tóquio no ano que vem. Na última etapa da Diamond League, em Paris, ele conquistou o bronze.

“Ainda é cedo para pensar nos Jogos de Tóquio. Vou dar meus 200%, mas não posso fala de marcas e medalhas. É um momento que estamos está colhendo os frutos. Venho batalhando desde 2010 com meu treinador (o cubano Justo Navarro). Sonhamos alto. Hoje, chegou o momento de começar a colher”, disse o atleta de 28 anos.