FLORIANÓPOLIS, SC (FOLHAPRESS) – O fim de 2018 e o início deste ano foram marcados por tráfego intenso nas rodovias estaduais que cruzam Florianópolis (SC) e levam para praias ao norte (Daniela e Jurerê Internacional, por exemplo), leste (Joaquina e Lagoa da Conceição) e sul (Campeche).


Segundo o ranking “Traffic Index”, desenvolvido pela empresa de inteligência de trânsito Waze, Florianópolis é a pior cidade para dirigir no Brasil. Entre outros fatores, o levantamento avalia frequência de congestionamentos, infraestrutura e segurança das vias.


Em dias muito quentes, refrescar-se no mar catarinense pode virar miragem. Com as longas filas que se formam, chegar a alguma praia demanda muito tempo. Nessas situações, resta aos motoristas se contentar com o ar condicionado do carro para ter algum alívio das altas temperaturas.


Para o engenheiro Werner Kraus Jr., pesquisador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a mobilidade é dificultada pela geografia insular, de ruas estreitas e poucas vias alternativas, aliada a uma expansão sem planejamento viário.


Segundo Kraus, o trânsito é complicado o ano inteiro. O que muda é o padrão do fluxo: na alta temporada, engarrafamentos em direção aos balneários; na baixa, ao centro, colégios e universidades. 


“Precisamos de soluções mais criativas para a Grande Florianópolis, que não tem muito espaço geográfico para novas obras.”


Desde abril de 2015 está sendo construído um novo elevado para desafogar o trânsito no centro-sul da ilha. 


Orçada em R$ 16 milhões, a obra tinha data de conclusão prevista para dezembro de 2016. Foi remarcada para outubro passado e, agora, para este mês.


Em novembro, faixas importantes foram interditadas por conta da obra, no entroncamento das rodovias estaduais SC-406 e SC-405. 


“É difícil dizer que época do ano deveria ser escolhida para o trabalho. Falta alternativa para mitigar transtornos das obras”, diz Kraus.


Segundo o superintendente municipal Vinicius De Luca Filho, o turismo movimenta entre 15 e 20% do PIB de Florianópolis, atrás apenas do setor de tecnologia, que conta 45%.


“Quem vai de carro deve sair cedo de casa e voltar cedo da praia. Os congestionamentos começam a partir das 9h. Na volta, a partir das 17h”, afirma o secretário Marcelo Roberto da Silva, de Transportes e Mobilidade Urbana da cidade.


Silva sugere que os veranistas privilegiem o transporte coletivo. “No aplicativo Floripa no Ponto, o usuário pode identificar o deslocamento nos ônibus, em tempo real”, diz. Desde 1º de janeiro, a passagem custa R$ 4,40.


Diariamente, são 9.000 partidas, somando 463 ônibus e 87 executivos. Na contramão, atualmente há 352 mil carros emplacados na cidade. Entretanto, a prefeitura não possui pesquisa sobre o total de veículos circulando no verão.


No fim de 2018, o prefeito Gean Loureiro (MDB) assinou termo para instituir o primeiro Observatório Econômico de Santa Catarina, que pretende reunir informações precisas sobre a quantidade de veículos e visitantes na capital catarinense. Os números ficarão para o próximo verão.


Num mundo ideal, diz Kraus, seria investido no transporte coletivo e faixas exclusivas para ônibus. “Na temporada, poderíamos pensar adaptações de ônibus para turistas no ‘estilo jardineira’, mais arejados, que levem diretamente aos balneários”.


“Florianópolis possui lindas praias, que deveriam ser pensadas para fruição da natureza, e não para serem dominadas pelos automóveis.”