Geraldo Bubniak-AEN – Número de novos casos tiveram alta importante em novembro

A pandemia do novo coronavírus volta a ganhar força em Curitiba. Após registrar ao longo do mês de outubro uma média de 284 novos casos por dia e manter abaixo de 4 mil o número de casos ativos da doença, a capital paranaense viu neste começo de novembro aumentar de maneira importante e alarmante o número de diagnósticos (que saltou para 355,6 por dia), bem como o número de casos ativos na cidade (no último dia 10 haviam 4.431 pessoas contaminadas na cidade, pior resultado desde o dia 18 de setembro).

Num momento em que acompanhamos países europeus enfrentarem a segunda onda da doença, uma pergunta se torna praticamente inevitável. Afinal, estaria Curitiba iniciando também uma nova onda da doença?

Só no Laboratório de Análises Clínicas (Lanac), por exemplo, houve aumento de 83% nos resultados positivos nos exames RT-PCR para Covid-19 realizados nos primeiros sete dias de novembro. Em outubro, a empresa apresentava 12% de positividade nos exames, dado que passou para 22% na primeira semana de novembro. Os testes sorológicos também apresentaram aumento: em outubro, eram 5% positivos e, na primeira semana de novembro, chegou a 12% de clientes testados com a doença.

Para Marcos Kozlowski, diretor técnico do Lanac e especialista em bacteriologia, esse aumento nos casos de diagnóstico positivo para a Covid-19 teria relação com o movimento de feriados. “Após feriados prolongados, a gente verifica na semana seguinte, nos 10 dias seguintes, um aumento no número de casos. Isso foi muito nítido no 7 de setembro, no 12 de outubro e agora no 2 de novembro”, explica o especialista, contando que a procura pelos testes também aumentou recentemente, passando de 150 realizados por dia para 250 nesta semana, um aumento que teria relação com a maior circulação do vírus na cidade.

A análise feita pelo doutor Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), vai no mesmo sentido. Segundo ele, o aumento no número decontágios e casos ativos da doença nos últimos dias seria resultado do feriado no começo do mês, quando houve aumento na circulação de pessoas, viagens para a praia e um certo relaxamento nas medidas de precaução, o que favorece a transmissão da doença.

Questionado ainda se seria possível estimar, com base na experiência de outros países e cidades, quando uma nova onda da doença atingiria Curitiba, o especialista destacou que não estamos vivenciando uma nova onda. Ao menos não por enquanto. “Vivemos ainda o efeito pós-feriado, então precisamos esperar mais duas ou três semana para ver se isso estabiliza ou até se poderemos antecipar [a segunda onda da doença]. Em princípio, imaginamos uma possível segunda onda no final do primeiro trimestre do ano que vem. Mas tudo é póssível com a Covid”.

Qual teste fazer para saber se foi contaminado?

Segundo o diretor técnico do Lanac, Marcos Kozlowski, o ideal é sempre que a pessoa procure um médico para ter orientação correta sobre a realização do exame. Entretanto, explica ele, normalmente o PCR serve para diagnóstico da doençaem si, ou seja, é recomendado caso a pessoa esteja apresentando sintomas.

A sorologia, por outro lado, vai verificar os anticorpos, se a pessoa teve a doença e agora apresenta imunidade. Neste mês, o teste sorológico está custando R$ 100 no Lanac – valor especial que será praticado nos primeiros cinco mil testes realizados em qualquer uma das 45 unidades de coleta do laboratório durante todo o mês de novembro.

Além disso, no começo do mês o LANAC passou a oferecer também o Covid-19 Ag ECO Teste, que faz a detecção de antígeno do vírus da Covid-19, com especificidade de 99% e sensibilidade de 96%. A coleta é feita por Swab, com a secreção nasal, e o resultado sai em até uma hora. Ele é indicado para pessoas a partir do terceiro dia de sintomas ou possível contato com o vírus. O valor é R$220. Este teste é uma opção em emergências, e é oferecido apenas nas unidades hospitalares do Lanac: Hospital das Nações, Hospital Pilar, Instituto de Neurologia de Curitiba – Hospital INC, Hospital do Rocio, Hospital Vita Curitiba e Hospital Vita Batel e na Unidade Paranaguá.

‘É importante as pessoas aprenderem a conviver com o vírus’

Diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira explica que a região Sul do Brasil, a exemplo do que acontecenos Estados Unidos, vive uma espécie de ‘grande onda epidemiológica’eque a Covid-19, por ser uma doença nova e com comportamento relacionado à aglomeração, se perpetua, ou seja, tem uma circulação contínua, diferente do que acontece com outras síndromes respiratórias, cujo número de casos despenca dramaticamente nos períodos mais quentes do anos.

“É uma grande onda epidemiológica, porque a Covid não vai deixar de circular. Inclusive, pelo que estamos vendo no mundo inteiro, teremos a circulação do vírus ainda durante um bom tempo, quem sabe durante todo o ano que vem. Por isso é importante as pessoas aprenderem a conviver com o vírus”, afirma Oliveira.

“Não podemos deixar de ter esse dinamismo da sociedade em funcionamento. É importante para todos nós, para nossa saúde física, mental, para o emprego das pessoas, a atividade acadêmica e escolar. Mas toda essa engrenagem precisa estar bem azeitada, bem lubrificada, para retomar gradativamente o funcionamento de todos os setores, nunca abandonando as medidas sanitárias, de cuidado”, complementa.

Boletins

Capital registra mais 736 ocorrências, o maior número desde o feriado

Curitiba registrou ontem, 736 novos casos de Covid-19 e cinco óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus, conforme boletim da Secretaria Municipal da Saúde. É o maior número de novos casos em um único boletim desde o dia 3 de novembro, quando foram confirmados 896 casos, mas que correspondiam ao número de três dias (de domingo, do feriado do dia 2 e do dia 3).

Até agora são 1.538 mortes na cidade provocadas pela doença neste período de pandemia. Com os novos casos confirmados, 57.181 moradores de Curitiba testaram positivo para a Covid-19 desde o início da pandemia, dos quais 50.880 estão liberados do isolamento e sem sintomas da doença.

São 4.763 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.

Paraná — A Secretaria de Estado da Saúde confirma ontem, 1.746 novos casos e 66 óbitos pela infecção causada pelo novo coronavírus. O Paraná soma agora 223.329 casos e 5.512 mortos em decorrência da doença. O número de casos de mortes é o maior desde o dia 15 de setembro e o número de casos é o maior desde 12 de outubro.

Brasil — De acordo com o Ministério da Saúde, 48.331 novos casos de Covid-19 e 544 óbitos foram registrados nas últimas 24 horas, o que eleva os totais para 5.748.375 pessoas infectadas e 163.373 que perderam a vida por conta da doença no País. A pasta informou que os casos e óbitos de ontem “podem não refletir o acumulado de eventos pendentes desde a paralisação dos sistemas de informação oficiais” no dia 5 de novembro.