Franklin de Freitas – “Pu00e3ozinho francu00eas ju00e1 subiu 5%: cotau00e7u00e3o internacional interfere”

O dólar a mais de R$ 4 já começa a refletir no bolso do consumidor brasileiro. A alta da vez é no preço do pãozinho francês, item quase impossível de substituir, e que pode ficar ainda mais caro. “O trigo já subiu 60% para nós neste ano”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (SIPCEP), Wilson Felipe Borgmann. Ele revela que os preços cobrados ao consumidor final já ficaram cerca de 5% mais caros neste ano e, o quilo é vendido até a R$ 14.

E novos reajustes não são descartados. Borgmann explica o peso do dólar nos produtos em função do trigo ser um commodities, ou seja, matéria-prima com característica comum, que pode ser armazenado, e que tem os preços determinados pela lei de oferta e procura. 

Os panificados em geral já apresentaram alta de 3,28% de janeiro a agosto deste ano em Curitiba, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, no mesmo período o pão de forma ficou 14,53% mais caro na capital paranaense.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/EsalQ) revelam que os preços estão aquecidos em função da alta demanda mundial pelo trigo e de problemas na safra brasileira, norte-americana e russa. Nos Estados Unidos, os preços subiram com força, refletindo as condições desfavoráveis ao cultivo do cereal, a expectativa de exportações russas limitadas e as maiores vendas do produto dos EUA na penúltima semana do mês. 

No mercado interno, os preços de trigo oscilaram em agosto. De um lado, compradores esperavam maior oferta e preços abaixo dos registrados no primeiro semestre para a safra 2018/19; de outro, vendedores acreditavam que o clima adverso, especialmente nos últimos dois meses, prejudique a qualidade e reduza a disponibilidade do cereal.

No Paraná, as primeiras lavouras de trigo começaram a ser colhidas na região norte do estado, mas triticultores reportam que a qualidade, até o momento, é inferior à esperada. No acumulado de 31 de julho a 31 de agosto, as cotações do cereal no mercado de balcão (valor pago ao produtor) subiram 2,5% no Rio Grande do Sul, mas recuaram 4,1% no Paraná e 0,3% em Santa Catarina.

No Rio Grande do Sul, a Emater apontou que 75% das lavouras estavam em fase de desenvolvimento vegetativo até o final de agosto, 22%, em floração e 3%, em enchimento de grãos. O clima no estado nas últimas semanas do mês deixou triticultores em alerta, visto que houve ocorrências de geadas e granizo em algumas localidades. 

Até o final do mês, ainda não tinha sido possível mensurar se houve danos significativos às lavouras.