RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O médico Denis Cesar Barros Furtado, 45, o Doutor Bumbum, e sua mãe, Maria de Fátima Furtado, foram transferidos na tarde desta sexta-feira (20) para o presídio de Benfica, zona norte no Rio. 

Após dois dias foragidos, eles foram presos na tarde de quinta (19) na Barra da Tijuca, zona oeste, e passaram a noite prestando depoimento na delegacia. Eles são acusados de envolvimento na morte da bancária Lilian Calixto, 46.  

Moradora de Goiás, Lilian morreu no último domingo (15) horas depois de ser submetida a um procedimento estético no glúteo no apartamento do médico, em um condomínio na Barra, quando o recomendado seria em uma clínica. 

O médico relatou que a paciente não teve reação à aplicação de 300 ml de PMMA (polimetilmetacrilato) na região do glúteo. Ela teria, no relato do médico, ligado mais tarde alegando estar se sentindo mal e foi levada ao hospital privado Barra D’Or. 

Em entrevista concedida na delegacia, o médico disse que a paciente estava lúcida e apenas com pressão baixa quando chegou à emergência do hospital, por volta das 1h30. Já o hospital diverge da versão. Diz que a paciente chegou em estado grave por volta das 23h.

Lilian Calixto morreu por suspeita de uma embolia pulmonar. O médico, sua mãe, que atuava como assistente, e a namorada do médico, que atuava como secretária, irão aguardar presos a julgamento.

A Polícia Civil ainda não divulgou quais crimes serão imputados a cada um deles. Sabe-se até o momento que o procedimento não poderia ser feito em uma residência. O médico, que nas redes sociais diz atender no Rio, em Brasília e em Goiás, tem registro apenas nos conselhos regionais de medicina desses dois últimos locais.

Na prática, portanto, ele não estaria habilitado para atender no Rio. O apelido de Doutor Bumbum nasceu nas redes sociais, onde o médico é popular por postar fotos de antes e depois de procedimentos estéticos, numa prática condenada pela comunidade médica.

Furtado tem 660 mil seguidores no Instagram. O perfil no Facebook foi apagado. Duas contas no Youtube com cerca de 1 mil seguidores cada continuam ativas, assim como o site oficial do médico na internet.

Conforme a Folha mostrou em reportagem no último dia 18, o procedimento pelo qual Lilian Calixto foi submetida utiliza um produto que carrega má fama pelo risco de causar complicações graves e efeitos permanentes.

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o PMMA é recomendado para preenchimento de rugas e restaurar pequenos volumes de tecido perdidos pelo envelhicimento. Nem a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) nem a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomendam o uso do produto para fins estéticos. 

A recomendação do Conselho Federal de Medicina é que o PMMA não seja utilizado em grandes quantidades, que podem gerar reações como inflações, nódulos necrose e até a morte. 

Em uma postagem, o médico garante não haver “nenhuma literatura” que fixe o volume máximo para a aplicação de PMMA e que competiria ao profissional determinar o volume de cada paciente. 

Também conhecido como bioplastia, o PMMA é um composto de microesferas de acrílico que são injetadas em tecidos. Não é preciso internação e a aplicação ocorre por cânulas descartáveis e uso de anestesia local. No glúteo, é usado para modelar e aumentar o volume, resultado procurado pela bancária que acabou morrendo. 

Nas redes sociais, o médico oferece o serviço também para homens que quiserem aplicar o produto no pênis. A defesa do médico nega que ele tenha incorrido em práticas irregulares e diz que ele tem sido vítima de julgamento pela imprensa.