SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Desde a tragédia que deixou oito mortos, quem abre a escola de manhã e fecha à noite é a zeladora Rosimeri. “Do dia que aconteceu até agora estou sem poder comer, dormir”, disse na reunião que na tarde desta sexta-feira (15) tenta apontar um rumo para quando a Raul Brasil abrir as portas na segunda-feira que se avizinha. 


Na mesa, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, o secretário de Justiça e Cidadania, Paulo Dimas Mascaretti, e a primeira-dama do estado, Bia Doria -os dois últimos saíram antes do fim do encontro, que começou por volta de 14h e reuniu, além dos funcionários, psicólogos, psiquiatras e pedagogos, da rede municipal e de universidades paulistas. 


Para a zeladora, nas decisões que estão sendo tomadas “falta olhar pra quem não parou um minuto” e achou “que estaria recebendo acolhimento, mas não estou me sentindo acolhida”.


“A gente não tá tendo oportunidade de viver nosso luto. Até o momento não chorei”, ela diz, enquanto, finalmente chora e se dá conta de que, mais um dia, vai ter que fechar a escola. No meio da reunião, no entanto, Rosimeri passa mal e se retira. 


São esses funcionários que deverão estar na escola para receber os alunos que quiserem vir à Raul Brasil na próxima semana. 


Segundo Rossieli, a presença dos estudantes não é obrigatória, mas eles “podem fazer atividades esportivas, culturais, de arte”, além de ter acesso a consultas psicológicas individuais ou coletivas. 


“Vamos organizar atividades, mas não é nada definitivo, os alunos podem querer outras. E é preciso respeitar o tempo da escola e das pessoas”, afirmou o secretário estadual de Educação. Aula na Raul Brasil, portanto, não tem previsão.


Segundo o prefeito de Suzano, está sendo feita uma reforma estrutural na escola, com “troca de ambientes”. Mas a maior preocupação é “a reconstrução emocional dos que vão voltar”, afirmou.