AMANDA NOGUEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se com seus álbuns de estúdio Ed Sheeran se mostra um rentável hitmaker (já tendo vendido 22 milhões de cópias), é no palco que ele exibe sua faceta mais valiosa.
Poucos artistas conseguem entreter um estádio de futebol sozinho, sem banda ou dançarinos. O segredo está no “loop pedal”, equipamento com o qual grava, sincroniza e repete diferentes elementos e camadas de cada faixa.
Na noite deste domingo (28), poucos minutos antes da conclusão desta edição, o britânico era aguardado por um Allianz Parque quase lotado. Os ingressos de última hora, de desistentes ou cambistas, chegavam a R$ 900.
Desde o início, o espetáculo é concebido de maneira a valorizar o talento “ao vivo” de Sheeran. O show de abertura, por exemplo, serve de bom termômetro.
O também britânico Antonio Lulic até tem carisma, mas se esforçava para ganhar a atenção da plateia que não o conhecia. Contou histórias, pediu a interação do público, fez autopropaganda.
O ponto alto da apresentação de Lulic foi quando o músico se arriscou em um pot-pourri com canções de Kings of Leon, Kate Nash e Carly Rae Jepsen, entre outros.
Na última terça, quando abriu o show de Sheeran em Curitiba, foi nessa altura que Lulic pareceu notar o público, dividido entre adolescentes e seus pais. Ao tocar “Summer of ’69”, ele não foi acompanhado pela plateia.
“Isso realmente demonstra minha idade”, disse o músico de 34 anos, enquanto muitos ainda tentavam identificar o clássico de Bryan Adams. Lição aprendida: o trecho ficou de fora do show paulistano, que durou meia hora.
Enquanto aguardava Sheeran, o publico pediu um tímido “Fora, Temer”.
O músico entrou pontualmente às 20h e abriu o show com “Castle on the Hill”, maior aposta de seu terceiro álbum, “Divide”, lançado em março. Sheeran passeou pelo pop e folk, mas mostrou domínio também do hip-hop em faixas como a autobiográfica “Eraser” e “Don’t”.
Recuperou o hit que o lançou à fama, “The A Team”, acompanhada de telas acesas por todo o estádio.
Diferentemente de Lulic, o ruivo sabia exatamente para quem estava tocando.
“Vamos gritar enquanto a gente canta. Na Argentina foram especialmente barulhentos nessa música. Vocês conseguem cantar mais alto do que os argentinos?”, provocou, sendo ovacionado,antes de cantar” Dive”.
Tudo indicava que ele repetiria os shows que fez em Curitiba na terça e no Rio, esta na quinta (25), por onde já passou com a turnê.
Em Curitiba, Sheeran destrinchou o repertório de “Divide”, cantando “Hearts Don’t Break Around Here”, “Happier”, “Nancy Mulligan” e outras que já pareciam antigas conhecidas do público.
O inglês não se esqueceu dos primeiros hits, que tocou em sua primeira passagem pelo Brasil, em 2015.
Cantou, então, “The A Team” e “Lego House”, de “+” (“Plus”), seu álbum de estreia, “Thinking Out Loud”, “Bloodstream” e “I See Fire” (que foi trilha de “O Hobbit: A Desolação de Smaug”), do segundo, “x” (ou “Multiply”).
Após uma pausa, durante a qual o público gritava “Ed, te amo”, o cantor retornou ao palco vestido com a camisa da seleção brasileira para cantar “Shape of You” e mostrar que seu domínio do pedal equivale a uma superprodução.