Reprodução/Vídeo Colorado Rapids

O atacante brasileiro André Shinyashiki tinha apenas 15 anos quando se mudou para os Estados Unidos para estudar. Passou os anos seguintes conciliando a vida acadêmica com o futebol e vivenciou todos os estágios comuns para quem quer ser esportista no país: ensino médio, universidade e draft para o profissional. Agora, aos 22, virou a grande sensação da MLS (Major League Soccer, principal campeonato de futebol dos Estados Unidos e do Canadá) ao ser escolhido o calouro do ano. O jogador do Colorado Rapids é desconhecido da maior parte do torcida brasileira, mas seu pai, Roberto Shinyashiki, é um dos principais palestrantes do País e autor de livros que já venderam cerca de oito milhões de cópias.

“A influência do meu pai é extrema. Desde criança ele me dá muitas dicas de como as coisas devem ser feitas, me dá apoio sempre. No fim das contas, ele é um cara muito duro comigo, ele sabe que sou capaz de muitas coisas, por isso sempre cobra e me apoia”, disse André.

A trajetória de André Shinyashiki no futebol teve início no Pequeninos do Jockey, equipe de base de São Paulo de onde também saiu Zé Roberto, ex-jogador com passagens por Portuguesa, Santos, Palmeiras, Bayern de Munique e seleção brasileira. Depois ele se mudou para a Flórida, onde começou a estudar na Montverde Academy, um internato. Lá começou a participar do futebol high school, o equivalente ao ensino médio, onde seu time teve um desempenho fantástico, com dois títulos nacionais e 117 jogos de invencibilidade.

“Foi difícil no começo porque não estava acostumado com a cultura e a morar na escola. Mas o futebol ajudou. O que levo muito desse período é a disciplina e o trabalho duro. É todo dia você estar pronto para melhorar o seu futebol e a sua vida. Todos os dias você tem de fazer as coisas certas e corretas, que no final o resultado vai ser bom”, contou.

Na Universidade de Denver, o atacante ficou entre 2015 e 2018 e cursou Marketing enquanto seguia no futebol e chegou a ser indicado ao prêmio de melhor jogador do futebol universitário. “Conciliar o futebol com os estudos foi algo que tive de fazer durante toda minha vida, então não acho tão difícil. Mas é óbvio que você tem de priorizar o esporte em vez de festa e videogame. Tive alguns sofrimentos em algumas matérias, mas nada tão complicado. Fiz tudo certinho, sempre dormia cedo para ter disposição no outro dia”, afirmou André.

Depois veio o draft, no qual os Rapids pagaram US$ 100 mil (R$ 401 mil) ao Chicago Fire para trocar a 15.ª pela quinta colocação na hora de escolher um jogador. Assim, selecionou Shinyashiki. “O dia do draft foi muito especial para mim. Sabia do interesse dos Rapids, mas não tinha como prever se iria para lá. Foi uma coisa maravilhosa, que mudou a minha vida. A responsabilidade por estar entre os primeiros (escolhidos) existe, mas não vou correr dela, tem de manter na cabeça que estou ali por um motivo”, relembrou.

E a aposta do time foi recompensada. No primeiro ano, André marcou sete gols e deu quatro assistências em 31 jogos, sendo o destaque do time e conquistando o prêmio de melhor novato. “O futebol na MLS é mais rápido do que na universidade, mas não achei a transição tão difícil. O principal para mim foi trabalhar duro e ganhar o respeito dos companheiros, porque são eles que fazem você jogar bem, passando a bola e dando dicas”, afirmou.

Os Rapids acabaram apenas na nona colocação na Conferência Oeste, ficando fora dos playoffs. Apesar do resultado, o atacante brasileiro quer continuar no time. “Não faltou muito para chegarmos aos playoffs, foi por pouco. Nosso começo de temporada deveria ter sido um pouco mais forte, para carregar um pouco mais de pontos. Faltou um pouco de entrosamento também, haviam muitos jogadores novos, como eu mesmo. Mas tenho contrato e vou continuar”, projetou o ponta esquerda.

André reconhece as suas limitações e, por isso, já traçou os pontos que deseja aprimorar para a próxima temporada. “Acho que posso melhorar minha velocidade de raciocínio, pensar um pouco mais rápido, e aprender a jogar em outras posições, ser um jogador mais versátil”, disse. Depois, sonha mais alto. “Gostaria muito de jogar no Brasil ou na Europa”.