Em defesa apresentada à 9ª Vara Criminal de Curitiba, no processo que responde no âmbito da operação Quadro Negro, do Ministério Público Estadual, que investiga desvio de recursos em obras de reforma e construção de escolas, o ex-governador Beto Richa (PSDB) rebateu as acusações do ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação e delator do caso, Maurício Fanini. A informação foi publicada pelo blog Contraponto, do jornalista Celso Nascimento. Na peça, Richa nega que tenha atuado para obstruir as investigações, como afirmou Fanini, e também critica o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, responsável pela investigação, além do juiz Fernando Fischer, que atuou no caso até maio.

Ao novo juiz, Daniel Toaldo, o tucano pediu que a denúncia contra ele seja rejeitada. Na delação, Fanini relatou que Richa teria orientado o empresário Jorge Atherino – apontado como “operador financeiro” do ex-governador – a pagar uma “mesada” ao ex-diretor da secretaria para que ele não fizesse acordo de delação. A defesa de Richa também acusa o Gaeco de usar argumentos “revanchistas” para incriminá-lo. “Embora travestidas de um manto sacro de luta por justiça – continua a peça de defesa -, com repetidas menções a alunos sem escola e cofres públicos ainda não ressarcidos, em nítida forma de atribuir caráter emocionalmente manipulativo às ilegais medidas aplicadas (uma delas – a prisão) demonstra que as razões e balizadoras de ordem jurídica declaradas escondem discurso de natureza estranha à seara penal”, alegam os advogados do tucano.

O ex-governador acusa ainda o juiz Fernando Fischer, autor de uma das ordens de prisão contra ele, de parcialidade. Os advogados chegam a apontar a citação da letra de uma música como prova da suposta atuação irregular do magistrado. “No contexto ora exposto, revela que a posição do Magistrado perante a ordem do STJ foi no mínimo de indignação e desconfiança, demonstrando inegável ceticismo quanto ao posicionamento técnico da Corte Superior (pautado no reconhecimento de nulidade processuais, lembre-se)”, afirma a defesa.