Emanuel Marques da Silva/ Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA – Escorpião amarelo não é uma espécie nativa do Paraná

Os casos de acidentes envolvendo escorpiões subiram 80% em dois anos no Paraná. Segundo números da Secretaria de Estado da Saúde, divulgados ontem, em 2018 foram registrados 3.144 ocorrências em todo o Paraná. Em 2016 foram 1.740. O ano de 2017 já havia registrado alta, com 2.396 casos.

O Paraná não é o único a ter aumento de casos. São Paulo, por exemplo, registrou, no ano passado, o maior número de acidentes com escorpiões nos últimos 30 anos — um total de 30.707 casos, além de 13 mortes. Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica mostram que a curva de notificações mantém-se em ascensão desde 2012.

O coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos, Emanuel Marques da Silva, explica que, mesmo de forma involuntária, o homem auxilia na dispersão de uma espécie. “Houve uma situação em que recebemos de uma moradora de Curitiba um escorpião nativo do Peru que ela capturou dentro de seu apartamento. Como ela estava de férias naquele país, provavelmente o animal encontrou sua mochila aberta, se alojou por lá e foi trazido para o Curitiba sem que ela percebesse”, disse.

A Secretaria de Estado da Saúde tem acompanhado a dispersão de escorpiões nos municípios dentro do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos. A maior dos casos registrados em 2018 foram na parte no Norte, Oeste e Noroeste do Estado. Das 22 Regionais de Saúde, os maiores números de ocorrências foram registrados nas regionais de Paranavaí (518 casos) e de Maringá (762 casos, 223 deles somente no município de Colorado). Na regional de Curitiba, houve ocorrências na Capital e em Pinhais.

Como evitar a prolferação dos escorpiões

– A melhor forma de afastar a possibilidade de acidentes com escorpiões é evitar que se proliferem nas residências e áreas urbanas. As principais medidas são organizar o quintal e mantê-lo limpo, remover entulhos e sobras de construção, e fechar frestas, colocando telas nos ralos e nas janelas

– Outras recomendações são usar sacos de areia nos vãos das portas e não deixar expostos resíduos orgânicos, já que atraem baratas, um dos alimentos para os escorpiões

– Para evitar escorpiões, aranhas-marrons e outros animais é preciso eliminar os chamados 4As: abrigo, acesso a este abrigo, alimento e água

– Segundo o coordenador do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos, Emanuel Marques da Silva, o controle químico não funciona com os escorpiões. “Se funcionasse, não teríamos no Brasil mais de 120 mil acidentes com escorpiões em um ano, número registrado em 2018”

– Não existe sazonalidade na maior parte dos estados. “O Paraná tem uma sazonalidade maior pois temos um período frio em que o animal diminui seu metabolismo e fica escondido. Ele sai do esconderijo quando há calor. Por isso, no verão aumenta o número de acidentes”

– Em caso de uma picada, deve-se procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima o mais rápido possível, principalmente em caso de crianças, para que os danos causados pelo envenenamento sejam minimizados pelo tratamento. O soro antipeçonhento é disponibilizado apenas na Rede SUS

– A picada de um escorpião causa dor imediata, podendo irradiar para o membro e ser acompanhada de adormecimento, vermelhidão e suor. Podem surgir suor excessivo, agitação, tremores, náuseas, vômitos, salivação excessiva, dentre outros sintomas mais graves