Divulgação – Al Sharjah comemora o título

A conquista do título da Liga dos Emirados Árabes Unidos pelo Al Sharjah esse final de semana em Dubai traz uma formula antiga, mas com um enredo novo. Se antes já vimos vários treinadores brasileiros serem campeões no país, dessa vez o time era comandado por Abdulaziz Al Ambari, um treinador local, porem, praticamente toda sua comissão técnica era formada por brasileiros; os preparadores físicos Solivan Dalla Valle e Cleber Medeiros, e o preparador de goleiros, Raphael Santa Cruz, o auxiliar técnico, Márcio Sabino, além de Alciney Miranda e Eduardo Thomaz do departamento de análise e estatística.

“O Abdulaziz era o único treinador local comandando uma equipe na Liga e foi o primeiro árabe a conquistar o título nos 43 anos de história da competição. Realmente é algo histórico”, conta paranaense Solivan Dalla Valle.

O brasileiro acredita que a continuidade do trabalho foi fundamental para a conquista. “O Sharjah é uma equipe tradicional, mas que não está na capital, Abu Dhabi e nem em Dubai, então temos uma equipe formada com menos recursos. Acredito que o que fez a diferença a nosso favor foi a manutenção da nossa comissão técnica. O clube apostou em nós brasileiros para dar o suporte ao time e o resultado veio. Já estamos há três anos com a mesma equipe e nesse período os atletas conseguiram entender bem nossa metodologia de trabalho”, explica Dalla Valle. O título foi o sexto do clube e veio depois de 23 anos de jejum.

O preparador físico brasileiro tem no currículo outras passagens pelos Emirados e no Qatar nas comissões técnicas de Caio Junior e Paulo Bonamigo. No Brasil, Dalla Valle trabalhou no Paraná Clube, Athletico Paranaense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio e Vitória, entre outros.

Além do título, o Sharjah contou com alguns destaques individuais como o brasileiro Welliton que foi vice-artilheiro com 20 gols e o goleiro árabe Adel Al Hosani, eleito o melhor goleiro da Liga. “A Adel evoluiu muito e fez uma grande temporada. A Liga dos Emirados reúne atletas de muita qualidade, muitos com passagens pelo futebol europeu, então é um grande aprendizado para qualquer um que trabalha aqui”, conta o paranaense Raphael Santa Cruz.

Ele está a cinco temporadas treinando os goleiros da equipe, mas já está no país há nove anos. “Cheguei em 2010 a convite do Paulo Bonamigo para treinar os goleiros do Al Shabab. Depois passei pelo Jazira antes de ir para o Sharjah”, conta ele. No Brasil, iniciou carreira no Coritiba e trabalhou ainda no Botafogo-Sp e Santo André-SP.

Temperatura Máxima
O principal desafio para os preparadores brasileiros é o calor. A média de temperatura dos jogos da Liga é de 35 graus, sendo que alguns jogos a temperatura chega a 45 graus.

“Nos treinamentos, quando a temperatura está alta, nós paramos a cada 15 minutos para hidratação. Já nos jogos, com temperatura alta, há uma parada no meio de cada tempo”, explica Cleber Medeiros, no clube há duas temporadas. Ele iniciou sua carreira no Criciúma e tem passagem ainda pelo Guarani e América-RN, além do Santa Clara, de Portugal.

Outra dificuldade apontada por eles é o Ramadã, período de 30 dias em que os mulçumanos só se alimentam após o pôr-do-sol. É um ritual obrigatório para 90% dos jogadores do time.

“Temos que nos adaptar a cultura do país. Devido ao período do Ramadã e a temperatura elevada, a maioria dos treinos e jogos acontecem à noite”, explica Dalla Valle.

Caso nenhum clube dos Emirados vença a Liga dos Campeões da Ásia e o Mundial permaneça no país, onde ocorreu nos últimos dois anos, o Sharjah será o representante do país no Mundial de Clubes.