BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Em meio à greve geral na Argentina, e enquanto a cúpula do governo de Mauricio Macri está nos EUA para participar do encontro da ONU e renegociar a dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o presidente do Banco Central, Luis Caputo, renunciou.

A instituição disse em comunicado que a renúncia se dá por motivos pessoais e que Caputo tem a convicção de que o novo acordo com o FMI restabelecerá a confiança sobre a situação fiscal, monetária e câmbio no país.

Nos bastidores, porém, comenta-se que se trata de uma vitória do ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, com quem Caputo vinha trocando farpas nas últimas semanas. O substituto de Caputo é Guido Sandlers, ex-secretário de política econômica do ministério da Fazenda, homem de confiança de Dujovne.

A jornalistas em Nova York, Dujovne disse que a renúncia não era “uma surpresa, e sim uma mudança lógica, que já vinha sendo conversada” uma vez que Guido Sandleris, de perfil mais técnico, seria um nome mais indicado para trabalhar nas metas do acordo com o FMI.

O próprio afirmou que o principal objetivo do banco será o de reduzir a inflação, que tem sido o grande problema da economia do país “”está agora na casa dos 25%, mas se projeta que atinja 40% no fim do ano, o que descumpriria um dos requisitos do FMI não apenas para liberar o que falta da linha de crédito de US$ 50 bilhões como também para negociar um possível acréscimo, pedido pelo governo argentino.

“Nós vamos trabalhar para recuperar a estabilidade e previsibilidade de preços”, disse Sandleris em um comunicado emitido pelo Banco Central.

O anúncio não deixou de surpreender os que acompanham o governo Macri nos EUA, uma vez que seus discursos a empresários e a representantes do FMI foram de otimismo com recuperação da economia, de certeza de aprovação do Orçamento para 2019 que visa o déficit zero “”contra o qual as manifestações desta terça (25) em Buenos Aires se mostram agressivamente contrárias”” e de que a equipe econômica se encontra sólida, unida e capaz de atingir a meta estabelecida pelo fundo.

O presidente Macri não se pronunciou sobre a saída de Caputo, que é primo de seu melhor amigo, Nicolás Caputo, uma espécie de assessor informal do mandatário