ITALO NOGUEIRA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A proposta de delação do ex-secretário de Obras do Rio Hudson Braga atinge o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), o antecessor Sérgio Cabral (MDB), e ao menos dois pré-candidatos ao Palácio Guanabara.

Braga afirmou ter repassado recursos em dinheiro para o senador Romário (Podemos) e o deputado federal Índio da Costa (PSD), ambos analisando uma candidatura ao governo. Disse também que fazia pagamentos mensais de R$ 100 mil a Pezão.

A proposta de Braga, braço direito de Pezão desde 2007, foi revelada pela revista Veja e confirmada pela Folha.

Os anexos para uma eventual colaboração foram entregues à equipe do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot há mais de um ano. As negociações, contudo, avançaram pouco com Raquel Dodge, atualmente no cargo.

De acordo com Braga, o governador tem cerca de R$ 5 milhões em dinheiro guardados na empresa JRO Engenharia, enviados para o local em troca de notas promissórias. Seriam recursos acumulados da mesada de R$ 100 mil arrecadados junto a empreiteiras.

A JRO Engenharia pertence a Cláudio Fernandes Vidal, que transferiu sua sede para Piraí em 2005 após aproximação com Pezão. Os dois ficaram amigos. A empresa contratou em 2014 o escritório de advocacia do filho de Pezão, Roberto Horta, para defendê-lo em ações trabalhistas.

Segundo Braga, Romário recebeu R$ 3 milhões para apoiar Pezão na eleição de 2014. No encontro, segundo o relato, o senador indicou o valor necessário levantando três dedos, temendo ser gravado.

Já Índio da Costa cobrou R$ 30 milhões para apoiar a reeleição de Pezão, de acordo com a proposta de delação. Pezão disse, em nota que “reafirma que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais participou de atos ilegais”. O deputado Índio da Costa negou ter negociado apoio com o MDB.

O senador Romário declarou que já solicitou à procuradora-geral Raquel Dodge e ao STF para que torne público qualquer inquérito contra ele.