A escola estadual Presidente Costa e Silva vai mudar de nome e passará a se chamar Abdias Nascimento. A mudança foi feita pelas secretarias estaduais de Educação e de Assistência Social e Direitos Humanos, atendendo a um pedido da Comissão da Verdade do Rio. A cerimônia de mudança do nome está marcada para amanhã (13), às 15h, na escola, localizada em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Para o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, a medida simboliza um repúdio à ditadura e alimenta o apoio à democracia. É muito ruim ter na escola onde se estuda, na rua onde mora, na ponte onde você passa todos os dias da casa para o trabalho, nomes de pessoas que não honram a história do Brasil. Infelizmente, é o caso do Marechal Costa e Silva que foi um ditador e em um período em que ocorreram barbaridades no país. Em uma escola de crianças, ter o nome de um ditador não é algo que ensine uma vida que se tem apreço pela democracia, disse.

Há previsão que mais escolas passarão pelo mesmo processo, e até locais públicos, conforme Damous. Estamos mapeando todas aquelas que remetam ao passado sombrio. O processo não é tão rápido, tem que conversar com a Secretaria de Educação, tem que conversar com a direção da escola, mas há inclusive, logradouros que nós entendemos devam ser mudados. A Ponte Rio-Niterói, por exemplo, [o nome oficial é Ponte Presidente Costa e Silva] já tem um projeto na Câmara Federal propondo a mudança para Betinho [sociólogo Herbert de Souza], contou.

A escolha do novo nome da escola foi feita após votação entre alunos e professores, que teve início em agosto. “Quem tem que escolher são as pessoas que vivenciam o local. Elas devem ter a noção de que não devem reverenciar o nome de quem não edifica a história do país e escolherem nomes que entendam que seja representativo. Nesse caso, foi uma boa escolha, principalmente agora, com a morte do Nelson Mandela [líder da luta contra a segregação racial na África do Sul], analisou.

Nascido no interior de São Paulo, Abdias Nascimento foi deputado federal e senador, se dedicando à luta contra o racismo. No governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, ele ocupou a Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-brasileiras. Abdias foi também fundador do Teatro Experimental do Negro. O ativista morreu em 2011, aos 97 anos.