SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As empresas envolvidas no caso de suspeita de pagamento para influenciadores digitais elogiarem candidatos petistas são ligadas ao deputado federal e candidato ao Senado pelo PT, Miguel Corrêa. 

A empresa que teria contratado a agência que lidou com os influenciadores é de um assessor parlamentar dele e fica no mesmo escritório onde funcionam duas empresas do deputado. Os tuiteiros também teriam sido convidados a usar aplicativo de empresa do parlamentar. 

A jornalista Paula Holanda, militante de esquerda e influenciadora digital,  afirmou no Twitter que foi convidada, em troca de dinheiro, por uma agência de marketing digital mineira chamada Lajoy a promover em seu perfil conteúdo de esquerda. Depois de promover Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional da sigla e candidata a deputada federal pelo Paraná, e Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo, ela se recusou a escrever sobre governador do Piauí, o petista Wellington Dias. 

Esta prática é proibida pela legislação atual, que especifica que só é permitida propaganda eleitoral em redes sociais no modelo de impulsionamento, em que candidatos, partidos e coligações contratam diretamente a rede social.

A dona da Agência Lajoy, Joyce Moreira Falete Mota, afirmou ter sido contratada, para os meses de junho e julho por uma empresa chamada Be Connected. A empresa é do assessor parlamentar de Corrêa, Rodrigo Queles Teixeira Cardoso, cuja data de abertura é do mês passado, pouco antes do período eleitoral. 

A empresa fica em uma sala da rua Fernandes Tourinho, na Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte. Ali, de acordo com dados da Receita Federal, é o endereço das empresas Fórmula Tecnologia e Follow Análises Estratégicas, ambas de Corrêa. Follow também é o nome de um aplicativo onde, segundo relatos de influenciadores digitais, eles eram convidados a entrarem. Ali, seriam incluídas notícias positivas sobre petistas para compartilhamentos. 

Outro aplicativo com função parecida, da Follow, seria o Brasil Feliz de Novo. A ideia do aplicativo também seria oferecer tarefas a militantes, que  vão do compartilhamento de conteúdo até o comparecimento em eventos dos pré-candidatos.

Corrêa afirmou não ser dono da Be Connected, mas admitiu que "em alguns trabalhos Follow e Be Connected apresentaram para clientes análises de monitoramentos de redes de perfis reais de grandes influencers para apontar comportamento e análise deste novo ambiente de debate democrático, de onde nasceram movimentos de unificação de conteúdo".

Questionado sobre o fato de as empresas ficarem no mesmo lugar, ele afirmou ser um tracionador que apoia startups e pequenas empresas que funcionam ali. 

Ele também afirmou que nunca  existiu "o pagamento de qualquer tipo de valor a estes perfis de grande influência".

Rodrigo Cardoso afirmou à reportagem que seu trabalho na Be Connected não tem ligação alguma com seu trabalho de assessor parlamentar de Corrêa.

Ele também negou haver pagamentos e disse que o ocorreu foi uma organização de militantes para ações que se tornaram orgânicas, como uma denominada #Lulazord. 

"Acho que é gente querendo ganhar espaço", disse, sobre os tuiteiros que denunciaram propostas de pagamento para elogiar petistas.