RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – As usinas de etanol e açúcar no centro-sul do país estão antecipando a fabricação dos dois produtos na safra deste ano por causa da seca prolongada.

Sem chuva, as colhedoras de cana-de-açúcar tiveram mais condições de acessar as lavouras —o que é impraticável em dias chuvosos. Isso acelerou a colheita.

A produtividade da planta também caiu em razão da estiagem e a projeção da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) é de que a safra atinja cerca de 560 milhões de toneladas de cana, queda de 6,04% em relação às 596 milhões de toneladas previstas inicialmente.

Pode parecer pouco, mas essas 36 milhões de toneladas equivalem praticamente à produção do Paraná todo na safra 2017/18, quinto maior produtor do país e que colheu 37 milhões de toneladas.

O maior produtor é São Paulo, com 357,1 milhões de toneladas na última safra.

“É uma quebra estritamente climática. A área disponível para colheita teve crescimento, mas a oferta será reduzida em 36 milhões de toneladas. Foi estritamente o veranico prolongado e a seca”, afirmou o diretor-técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

Consequência da antecipação da produção, a entressafra será maior agora.

O período normalmente vai do fim de dezembro a março e, nele, as usinas não moem cana e fazem manutenção das plantas industriais. É, também, o período em que o etanol tradicionalmente sobe de preço.

Rodrigues disse que o início da safra 2019/20 não deverá ser antecipado por causa do fim precoce da atual. As usinas devem iniciar a moagem em meados de abril.

O diretor-técnico afirmou que a oferta de etanol no período deve ser 15% superior à da última entressafra e que algum ajuste deve ocorrer.

“Difícil ter alguma expectativa de que isso aconteça em um curtíssimo prazo. Mas, se continuar a venda no patamar de 2 bilhões de litros por mês, o mercado vai se ajustar lá na frente. Não fortemente, mas sim.”

Ainda de acordo com ele, mesmo com o ajuste dificilmente o etanol perderá competitividade com a gasolina.

Desde o início da safra, em abril, e até o último dia 15, foram processadas 430,35 milhões de toneladas, ante 428,32 milhões de toneladas da safra passada.

A diferença é que, segundo dados do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), o canavial rendeu em média 70,73 toneladas de cana por hectare na primeira quinzena de setembro, ante 77,87 toneladas no mesmo período da safra passada.

Os números mostram queda de 9,16% e que é preciso colher mais cana para ter o mesmo rendimento. Essa diferença é que é atribuída à seca.