Viver de ideais, amor e cuidar do planeta parece ser o lema de famílias de comunidades alternativas de décadas atrás. No entanto, os professores, designers e pesquisadores Líbia Patricia Peralta Agudelo, 47, e Eloy Fassi Casagrande Jr , 49, mostram que isso não só é possível atualmente, mas necessário para aqueles que pensam em um futuro melhor para o lugar onde moram.
E o mais interessante é que eles provam, com a própria maneira de viver, que para suas ideias se concretizarem não é preciso se isolar do mundo ou negar as novidades tecnológicas para poder conviver em harmonia com o meio-ambiente.
O casal e o filho de dez anos vivem desde o final da década de 90 em uma casa no bairro Pilarzinho, em Curitiba, quase 100% sustentável. Ou seja, a residência é feita de materiais reciclados, aproveitamento de materiais de demolição e com tecnologias alternativas para uso da água e energia elétrica.
É também na casa que funciona o show-room do trabalho de consultoria realizado para aqueles que têm interesse em seguir seu modo de vida. Patrícia e Eloy montaram há alguns anos o EcoStudio, empresa de arquitetura e móveis sustentáveis. Lá também é o local de inspiração para projetos de seus estudantes que estudam a sustentabilidade.
“Nosso objetivo é mostrar que sempre é possível prolongar a vida útil de produto, torná-lo durável e de qualidade”, explica Eloy. Essa premissa fez com que a casa do casal de pesquisadores fosse um verdadeiro quebra-cabeça de histórias. “Esse teto, por exemplo, pertenceu à fábrica da Tip Top em Curitiba”, aponta o professor. As portas e janelas pertenciam a antigas casas da cidade e foram reformuladas. Até mesmo o corrimão das escadas não escapou. “Isso era uma grade de um portão de um casarão que transformamos”, conta Patrícia.  Tudo na residência tem importância afetiva para os moradores. “A casa é formada por pedaços das nossas vidas e das nossas ideias”, diz a professora. E ela garante que lá dentro tudo é reaproveitado. “Até nossos cachorros são reciclados”, brinca Patrícia ao contar que os animais de estimação da casa vieram da rua.
Além da moradia, os professores se alimentam de forma mais consciente que a maioria das pessoas. “Há mais de dez anos, só consumimos produtos orgânicos. Um produtor de Almirante Tamandaré nos traz em casa tudo o que precisamos”, conta com orgulho.