RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um dos principais especialistas em delação premiada, o advogado Antônio Figueiredo Basto foi citado no acordo de colaboração premiada dos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barboza, funcionários do maior doleiro do país, Dario Messer.

Ambos afirmaram que repassavam US$ 50 mil a Enrico Machado, sócio de Messer no banco EVG, a título de “proteção” na Polícia Federal e no Ministério Público. Esse dinheiro, segundo os dois afirmaram, era entregue a Figueiredo Basto e a um outro advogado cujo nome não se recordaram.

A informação foi revelada no sábado (19) pelo jornal O Estado de S. Paulo. O anexo 1 de Claret, divulgado junto com as petições da Operação Câmbio, Desligo, revela que os próprios colaboradores não têm certeza da destinação e objetivo da entrega do dinheiro.

“Apesar dos pagamentos, o colaborador não recebia qualquer tipo de informação verossímil de Enrico”, diz a transcrição do depoimento de Claret.

A contribuição por proteção, inclusive, gerou desentendimentos entre Machado e Messer, que romperam a sociedade por volta de 2013. O valor passou a ser cobrado entre 2005 e 2006, segundo o relato de Claret e Barboza.

Machado também é delator e, segundo a reportagem apurou, não mencionou a proteção. Sua delação foi negociada pelo próprio escritório de Figueiredo Basto. O Ministério Público Federal deve voltar a ouvir os colaboradores para tentar esclarecer o caso.

A reportagem não conseguiu localizar o advogado. Ao Estado de S. Paulo, ele afirmou não ter como se defender de boatos.

“É um boato que você joga no ar. Todo mundo hoje neste país adora atacar a honra do outro. Contra boato não tem como se defender”, disse o advogado.

Ele atribuiu a declaração de Claret e Barboza ao fato de ter negociado a delação premiada dos irmãos Renato e Marcelo Chebar, que motivaram a prisão da dupla no Uruguai.