SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O estado de São Paulo registrou em agosto deste ano a morte de 233 pessoas por homicídios dolosos, o menor número em um único mês dentro da série histórica iniciada em 2002. Naquele ano, agosto teve 912 assassinatos, 75% a mais.

O secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho afirma que a redução é fruto do trabalho das polícias e do investimento em tecnologia.

Com os dados divulgados nesta terça (25), a taxa de homicídio no estado chega ao patamar de 7,4 vítimas a cada 100 mil habitantes. Em 2002, o índice era de 33,1.

No país, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as mortes violentas chegaram a 30,8 a cada grupo de 100 mil em 2017, com 63.880 pessoas assassinadas. A conta inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais em confrontos e mortes decorrentes de intervenções policiais.

De acordo com o levantamento da instituição, que reúne especialistas da área de segurança, São Paulo fechou ano passado com taxa de 10,7.

A metodologia utilizada pelo governo paulista difere daquela utilizada pelo fórum ao excluir, por exemplo, as mortes provocadas por policiais. Na capital paulista, a letalidade policial representa cerca de 1/3 do total de homicídios dolosos registrados. Em 2017, foram 940 mortes nessa categoria, 10% a mais que em 2016.

Para o especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori, da PUC Minas, os dados do Governo de São Paulo reforçam a tendência de queda iniciada no início dos anos 2000, quando o estado tinha índices superiores a 30 mortes por grupo de 100 mil.

“Os dados são excelentes, mostram que a redução dos homicídios de São Paulo está consolidada. Esse patamar é o menor do Brasil. É um caso internacional”, disse.

Segundo ele, embora as razões da queda nos homicídios continuem sob debate entre especialistas, dois pontos são comuns: são resultado do trabalho policial de investigação e da consolidação do PCC sem nenhum rival para confrontar no estado.

Mágino, por sua vez, descarta a influência da facção. “A redução dos homicídios é absolutamente homogênea no estado de São Paulo. Nós temos diminuição nos Jardins [bairro nobre da capital] e na periferia. Temos diminuição na região oeste e noroeste do estado. No estado todo. Isso seria impossível atribuir a qualquer tipo de acordo. Fruto realmente do trabalho e emprego da tecnologia”, disse.

Na capital, o número de homicídios registrado de janeiro a agosto é o menor desde 2009. Foram 485 nos oito primeiros meses de 2018, contra 854 naquele ano. Em relação a 2017, porém, o dado indica estagnação, com recuo de 2%. “‹

Também houve queda de 29% no número de latrocínios (roubos seguidos de morte), apesar da brutalidade de alguns casos chocar. Entre julho e agosto, três jovens morreram na Grande São Paulo em situações de roubo a celular –todos haviam entregado o aparelho aos criminosos.

O sucesso do governo paulista em relação aos homicídios dolosos é menos visível nos crimes patrimoniais. Embora o estado tenha registrado queda neste ano, os índices continuam elevados. Foram quase 217 mil roubos (38 mil só de veículos) e 339 mil furtos.

Os registros de casos de estupros também mantêm tendência de alta. No acumulado do ano, eles tiveram uma elevação de 13% em comparação ao mesmo período de 2017. As denúncias saltaram de 7.098 para 8.015 –média de mil por mês.